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    Sarney se despediu dos cargos eletivos, mas na campanha encarnou o oligarca todo-poderoso. "Quase tudo que tem na nossa terra passou pelas minhas mãos. Até mesmo esses inimigos meus. Não tem um que não tivesse me bajulado", disse num comício em São Luís ILUSTRAÇÃO: CÁSSIO LOREDANO

anais da República

Maranhão 2014

A derrota eleitoral e a despedida de Sarney

Malu Delgado | Edição 98, Novembro 2014

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José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, o ex-presidente da República e hoje senador pelo Amapá José Sarney, é homem temente a Deus. Como todo domingo, o de 5 de outubro passado amanhecia com sua coluna semanal estampada no jornal O Estado do Maranhão, de propriedade do político desde 1973. Nela, citando a defesa da democracia feita por Abraham Lincoln – “Governo do povo, para o povo e pelo povo” –, ele elaborava a figura de um Pôncio Pilatos contemporâneo, bombardeado por informações da rede virtual.

“Com o avanço das comunicações em tempo real, é mais fácil você ser enganado e não saber onde está a verdade, porque são tantas as verdades que se publicam sobre pessoas e fatos que a própria verdade desaparece. Calculem se Pilatos tivesse naquele tempo blogueiros, sites, Facebook, WhatsApp e essa parafernália toda, o que ele não teria dito sobre a verdade, quando, duvidando da palavra de Deus, perguntava: ‘O que é a verdade?’”, escreveu Sarney, empregando cinco vezes o termo “verdade” em apenas duas frases. Sobre o processo eleitoral deste ano no Maranhão, pontificava: “Mentiu-se sem recato.” Ele, porém, perdoava os mentirosos. “Cristo disse aos homens: ‘Perdoai seus inimigos.’” E, como se já tivesse ciência da derrota iminente, Sarney finalizava: “É a democracia que sofre esses desvios, mas é um processo de aprendizagem.”

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