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    María Kodama: seu projeto – mais conservador do que conservacionista – foi o de tratar como unitária e indivisível a obra de um autor múltiplo, que questionou os limites da autoria CRÉDITO: JUAN M. ESPINOSA_(EPA) EFE_EFEVISUAL_2011

despedida

Maria Kodama e a obra de Borges

Ex-mulher administrou a obra de Borges como se precisasse defendê-la de todos. O que ocorrerá agora que ela se foi?

Alejandro Chacoff | Edição 200, Maio 2023

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Entre as anedotas que circularam na imprensa argentina nas últimas semanas, após a morte de María Kodama no dia 26 de março, está a de um encontro na casa de Adolfo Bioy Casares e Silvina Ocampo. Jorge Luis Borges supostamente tinha ido ao banheiro; Ocampo estava na cozinha. Bioy então teria aproveitado para perguntar a Kodama se poderia fotografá-la, já que ela tinha “uma cara ideal”.

A frase é crassa, e a objetifica de modo grosseiro, mas a fotogenia de Kodama era inegável. Em quase todos os retratos, ela aparece ao lado do seu empregador e futuro marido. Borges – fotogênico num sentido muito distinto – quase sempre está de bengala, com sua típica expressão facial aérea (está num transe metafísico ou apenas distraído?). Kodama às vezes tem o braço entrelaçado ao seu. Em alguns casos, ele a segura com uma firmeza que pareceria perturbadora, não fosse o fato de que é cego e talvez precisasse do apoio.

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