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    ILUSTRAÇÃO: Andrés Sandoval_2019

esquina

Marquesa do pombal

Uma ave injustiçada

Roberto Kaz | Edição 160, Janeiro 2020

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Dois anos atrás a ativista Fernanda Juliana abriu o jornal Pioneiro, de Caxias do Sul, e deparou com a notícia de que 5 mil pombas seriam removidas do Centro para áreas menos urbanizadas da cidade. A prefeitura argumentava que as aves provocavam doenças e sujavam as praças.

Indignada, Juliana rumou para a Praça Dante Alighieri, a maior da cidade gaúcha, onde filmou um canteiro repleto de sacolas plásticas. “Caxias é o único lugar do mundo onde as pombas vão ao mercado e depois disso, de tão mal-educadas, jogam tudo no chão”, relatou no vídeo, de forma irônica, antes de inquirir a prefeitura sobre quantos moradores haviam de fato adoecido por causa da ave. “Quero entender também por que o caxiense tem essa birra tão grande com as pombas. Os que têm um pouco de grana vão para a Piazza San Marco, na Itália, e fazem vídeos lindos dos bichos pousando nos braços dos filhos. Mas aqui não pode, aqui a pomba transmite doença.” O vídeo foi visto 65 mil vezes numa cidade de pouco mais de 500 mil habitantes.

Fernanda Juliana é uma mulher magra, de 39 anos, que tem a ascendência alemã marcada no cabelo liso e na pele clara. Vegetariana, milita pela causa animal “desde os 6 anos de idade”, quando começou a recolher cachorros e gatos nas ruas, levando-os para casa. Hoje divide o seu teto com cinquenta cães, um gato, duas pombas e um ser humano – no caso, sua mãe. Trabalha de segunda a sexta como gerente administrativa de uma empresa de metal. O grosso do salário e do tempo é doado à filial caxiense da ONG Sociedade Amigo dos Animais (Soama), que ela preside. “Só de ração é meia tonelada por mês.”

 

Juliana disse que as pombas nunca haviam lhe chamado especial atenção até o dia em que leu sobre o projeto de remoção. “A minha revolta era mais porque a cidade estava abandonada pelo poder público, e a prefeitura ia gastar verba do contribuinte com uma coisa tão absurda.” O sucesso do vídeo acabou por alçá-la, involuntariamente, à condição de especialista. “As pessoas me perguntavam sobre as pombas, e eu não sabia responder. Então fui pesquisar.” Descobriu protetores nos Estados Unidos, na Alemanha, em Portugal e na Espanha. “Aquilo encheu meu coração de esperança.”

À época, Juliana prestava trabalho voluntário para a Sociedade Amigo dos Animais, então presidida pela ativista Natasha Valenti, com quem ajuizou uma ação civil pública em defesa das aves (o processo seria arquivado um ano depois, mas as pombas permaneceriam nas praças). Em paralelo, ela fundou também um movimento chamado “Salvem as Pombas”, que hoje reúne 10 mil seguidores no Facebook. “O projeto Salvem as Pombas foi criado para despertar nas pessoas compaixão em relação a essas aves tão discriminadas pela sociedade”, diz o manifesto de fundação, que as define como membros “de uma comunidade moral e detentora de dignidade”. “Minha meta é convencer as pessoas de que a pomba é limpa, inteligente, amistosa e que não causa doenças”, resumiu Juliana, por telefone. “Se fizesse o mal que dizem que faz, as populações humanas de Veneza e Istambul já estariam dizimadas.”

 

O histórico de interação entre pombas e humanos está amparado em dois alicerces. O primeiro é de ordem alimentícia: pombas comem milho, trigo e outros tipos de grãos que passaram a ser estocados depois do surgimento da agricultura, cerca de 12 mil anos atrás. O segundo é de ordem habitacional: pombas nidificam não em árvores, como a maior parte das aves, mas em rochas – o que as torna mais adaptáveis à arquitetura urbana de muretas e telhados. Acabaram sendo domesticadas para uso na mesa (como comida), na guerra (como correio) e na geopolítica internacional (como símbolo da paz).

 

Já a má fama da pomba é algo mais recente, que Fernanda Juliana atribui ao cineasta americano Woody Allen. “Foi ele quem colocou um personagem dizendo, no filme Memórias, que as pombas eram ratos com asas.” A partir daí, disse ela, a ave passou a ser responsabilizada toda vez que um humano padecia de criptococose – doença causada por um fungo presente em matéria orgânica morta, e que, em casos raros, pode levar à morte.

Assim ocorreu no ano passado, quando a doença matou duas pessoas em Santos. “Estou tentando gritar para o mundo que Santos é uma das cidades mais sujas do Brasil”, exasperou-se Juliana. “São 60 toneladas de lixo despejadas por dia no mar. Tem pessoas vivendo em palafitas. Mas culpam as pombas, quando o que falta é zeladoria e higiene pública.” Para enfatizar seu ponto de vista, mostra um laudo da Sociedade Brasileira de Infectologia, que obteve durante o processo contra a Prefeitura de Caxias do Sul. “A presença de pombas per se não deve ser encarada como um ‘risco sanitário’”, diz o documento, acrescentando que o fungo responsável pela criptococose está presente nas fezes de várias outras aves.

O laudo é endossado, com ressalvas, pelo veterinário Ricardo Lustosa, que publicou uma tese de doutorado sobre pombas e criptococose pela Universidade Federal da Bahia. “Ele está certo ao dizer que o fungo se desenvolve em diversas fontes, mas as fezes de pomba são de fato um excelente substrato para o crescimento”, explicou Juliana. “Sou contra demonizar as pombas; a mídia muitas vezes as acusa sem provar o nexo causal, mas também não se deve subestimar a presença delas, ainda mais quando há superpopulação em ambiente urbano.”

 

 

Desde que iniciou sua incursão columbófila, Fernanda Juliana visitou diversos países para ver como as pombas são tratadas. Em Portugal, conheceu pombais que foram erguidos na área infantil dos parques. “É para mostrar que as pombas não causam doenças e são ótimas companhias para as crianças”, explicou. Na Espanha, visitou uma praça “impecavelmente limpa”, com comedouro para os animais. “Elas eram alimentadas com ração contraceptiva, que é a forma correta de fazer controle populacional.”

Na Inglaterra, viu pombas sendo usadas, com um sensor preso às costas, para medir a poluição de Londres. Na Alemanha, ouviu falar de bombeiros que fizeram massagem cardíaca em pombas retiradas de áreas incendiadas. “É o país que melhor os trata no mundo.” Ainda conheceu um museu, nos Estados Unidos, que homenageia os pombos-correio que serviram aos aliados na Segunda Guerra Mundial. “Salvaram milhares de vidas.”

No Brasil, por outro lado, permanece o desprestígio. “A moda do momento, quando os vereadores não têm o que fazer, é criar leis proibindo as pessoas de alimentá-las”, reclamou Juliana. “Assim as pombas buscam comida estragada no lixo, ficam doentes, e a população consegue o motivo para exterminá-las.”

Existem leis desse tipo em São Paulo, Campo Grande, Vitória, Juiz de Fora e, não por acaso, Caxias do Sul. “A prefeitura coloca cartazes nas praças alertando para a proibição”, contou Juliana, lembrando que isso não impediu uma senhora de 84 anos de continuar gastando sua aposentadoria para alimentar os animais. “O nome dela é dona Idiati. Já foi multada várias vezes, obviamente não pagou nenhuma. É uma lutadora.”

Roberto Kaz
Roberto Kaz

É jornalista e redator do Piauí Herald. É autor do Livro dos Bichos, pela Companhia das Letras

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