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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2014

esquina

Mesa branca literária

Uma poeta argentina com sotaque de Cochabamba

Mariana Sanchez | Edição 98, Novembro 2014

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“Alejandra pode ter a eternidade, mas não temos a noite inteira”, impacientou-se um espectador diante do avançado da hora. Já passava de onze e meia de uma sexta de setembro e nem sinal da convidada principal. Dezenas de pessoas aguardavam o início de uma sessão do Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires, o Filba, que recebeu este ano autores como Enrique Vila-Matas, Nuno Ramos e Joe Sacco. A atração da noite naquele bar no bairro de Palermo era Alejandra Pizarnik, poeta maldita cultuada na Argentina.

Nascida Flora Pizarnik Bromiker em 1936, a escritora conquistou gerações de leitores com seus livros de poemas lançados a partir dos anos 50, incluindo Árbol de Diana, La Tierra Más Ajena e Extracción de la Piedra de Locura. Seus versos tratam de desejo e morte, infância e memória, com reflexões sobre a função da poesia e a insuficiência da linguagem. Sua obra é praticamente inédita no Brasil – o único livro lançado por aqui é A Condessa Sangrenta, um relato em prosa. Na Argentina, onde são incontáveis as reimpressões de sua poesia, prosa e diários completos, Alejandra acaba de ganhar uma nova edição de seu epistolário, que inclui cartas a Cortázar e a Silvina Ocampo, com quem teria tido algo mais do que uma amizade intensa.

Anunciada sem alarde no programa do festival, a conversa com a poeta aconteceria 42 anos e um dia depois de ela ingerir cinquenta comprimidos de barbitúricos e transferir-se para o más allá. O suicídio ajudou a torná-la um mito literário em seu país, e fomentou na imprensa local comparações com a carioca Ana Cristina Cesar – que escrevia versos de temática similar e também se matou antes dos 40.

 

A sessão com Alejandra foi organizada pelo grupo Casagrande, um coletivo chileno de performances poéticas que já havia armado uma mesa espírita no centenário de Pablo Neruda, em 2004. Para receber a poeta argentina, os chilenos convidaram Bernardo Zabalaga, um boliviano de Cochabamba de 35 anos antenado com as últimas novidades da comunicação interespiritual.

Zabalaga é um estudioso e praticante da terapia multidimensional, que ele define como “uma cura que limpa a energia cármica”. Com a terapeuta francesa Hélène Abiassi, ele aprendeu a técnica de canalização, que usaria para contatar Alejandra. Mas não se trata de uma incorporação qualquer. “O que ocorre é uma ponte entre a alma do médium e a plataforma energética do espírito desencarnado”, esclareceu.

 

Zabalaga nunca havia lido a obra de Alejandra Pizarnik e ignorava as circunstâncias de sua morte – só descobriu depois que os organizadores da sessão o procuraram. Ao saber que canalizaria o espírito de uma suicida, sugeriu que consultassem a poeta para sondar se ela estaria disposta a participar e, principalmente, checar como andavam as energias do lado de lá.

 

A sessão privada aconteceu no estúdio do boliviano, três dias antes da manifestação pública. Após vinte minutos de relaxamento, Zabalaga lançou um vigoroso arroto – sinal de que a poeta ainda estava se ajustando ao seu canal energético, conforme explicou depois. Desandou então a falar como Alejandra, numa cadência mais calma e pausada que a sua. No aparelho fonador do médium, a poeta ganhou um improvável sotaque de Cochabamba – “É meu sistema neurossensorial que está no comando”, justificou Zabalaga.

No primeiro contato, o médium sentiu que a poeta estava a fim de papo, conforme contou dias depois, falando um português com sotaque de Lisboa, onde estudou teatro. Alejandra, continuou, viu na ocasião a chance de propor uma leitura mais luminosa de sua própria obra, para além do estigma de poeta maldita. “Foi como limpar seu nome”, resumiu. Precavido, Zabalaga gravou a conversa. “Se ela não quisesse vir na sexta-feira, pelo menos os meninos teriam o áudio para desenvolver uma performance.”

 

Crisântemos brancos, velas amarelas, cadeiras em círculo e uma jarra d’água com sal grosso compunham o décor armado para a conversa com Alejandra. Na entrada, o público era instruído a não sair do recinto, manter silêncio e não beber álcool – orientação que não deve ter agradado ao dono do bar. Zabalaga tratava de descarregar o ambiente com um defumador, palo santo em pó e cristais de incenso.

 

Por volta de uma da manhã, o boliviano pôs seu celular para tocar uma “música binaural” que serviu de fundo para uma meditação coletiva comandada por ele. Só depois começaram as perguntas feitas pelo público à escritora. “Que conselho daria a um poeta?”, alguém indagou. “A um poeta não se aconselha, se empurra”, vociferou o médium, com a voz afetada. Depois, versejou: “Que seu sangue se transforme em tinta e, assim, flua. Mais que tinta, rios. Mais que rios, seiva. Que seu sangue nunca coagule.” Pizarnik contou ainda que tinha enfim encontrado a paz (“O que a morte me deu foi muito trabalho, só agora serenei”) e rogou para que não a cultuassem demais (“Venerem-se a si mesmos da melhor forma que puderem”). Alguém quis saber qual era sua forma de celebrar a alegria – a poeta elogiou a pergunta (“es muy bella”), mas devolveu-a ao espectador.

Treze minutos foi o tempo que Alejandra dedicou aos fãs do aquém, mas a sessão inteira durou uma hora. Ao final, alguns de seus versos foram lidos por Fernando Noy, poeta e agitador cultural que nos anos 60 compartilhara com ela o amor pela poesia e por anfetaminas. Abriu ao acaso suas obras completas e deu com o trecho de um poema que falava de “golpes na tumba”. “Sincronia total com o momento”, avaliou.

Familiarizado com o espiritismo e com a personalidade da poeta, Noy ficou balançado com o que ouviu. “Antes de ir embora, ele abraçou Bernardo Zabalaga e disse que a sentiu muy presente”, contou Julio Carrasco, um dos organizadores da sessão. Não havia qualquer garantia de que a poeta tivesse de fato sido contatada, mas Carrasco ponderou que o público guardaria daquela noite a memória de um diálogo entre poetas. “E daí que uns estavam vivos e outros, mortos?”

Mariana Sanchez

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