No meio literário: a cada dia parece mais difícil apontar a fronteira entre amadorismo e profissionalismo, entre analfabetismo formal e domínio formal, entre trabalhos ruins e trabalhos bons, sem que isso provoque uma desnecessária avalanche de mágoas, rapidamente convertida em discursos de ódio nas redes sociais; não é à toa que a figura do crítico está à beira da extinção CRÉDITO: ELOAR GUAZZELLI_2025
Murro em ponta de faca
Existe hoje uma dificuldade generalizada em admitir que nem todo texto é literário
José Falero | Edição 230, Novembro 2025
Para a Palhacinha da Vó
Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada em 30 de agosto de 2025, a ensaísta e tradutora Aurora Fornoni Bernardini, professora de letras aposentada da Universidade de São Paulo (USP), fez algumas afirmações que causaram furor no meio literário brasileiro. Ela disse, entre outras coisas, que a literatura contemporânea “ficou mais pobre ao privilegiar o conteúdo e esquecer a forma”; teceu críticas a autores como Itamar Vieira Junior, Annie Ernaux e Elena Ferrante; alegou que “não se pode dar o mérito antes das condições”, insinuando que a recepção positiva a livros como Torto arado seria repercussão de eventos do passado, como a escravidão. Rapidamente dúzias de escritores, livreiros, professores e leitores foram às redes sociais e até aos jornais comentar o assunto, em sua imensa maioria criticando a professora.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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