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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2009

esquina

Não escuta que eu grampo

As originalidades de uma rádio pública de Brasília

Pedro Schprejer | Edição 33, Junho 2009

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Na sexta-feira, 1º de maio, o ouvinte do Distrito Federal que sintonizou o rádio na frequência 104,7 MHz se viu diante de um espesso enredo: “O detetive Virgulino Teixeira foi contratado pela dondoca Marilda para seguir os passos do marido dela, o empresário Aderbal. Ao instalar escutas telefônicas na casa e no escritório do empresário, o detetive descobriu um esquema de superfaturamento.” Sob os acordes dramáticos de um tango de Piazzolla, a trama se adensava: “Agora, Virgulino quer dinheiro do empresário para não abrir o bico sobre a falcatrua.” O próprio Virgulino tratou de se explicar: “Isso não é chantagem. Isso é toma-lá-dá-cá.”

O caso já vinha se estendendo havia cinco dias. Na segunda-feira anterior, Virgulino anunciara à dondoca Marilda: “Vou colocar uma escuta telefônica na sua casa. Sou conhecido em todo o universo investigativo como Araponga Grampeado.” Na terça, dondoca Marilda começou a hesitar: “Detetive Virgulino, não me leve a mal. Mas ouvi dizer que ficar instalando essas escutas por aí pode dar… pode dar…” Dondoca Marilda parecia ter medo da palavra. Com um suspiro, soltou alarmada: “Pode dar CADEIA!”

Na quinta, diante da descoberta de que o marido era corrupto, dondoca Marilda sugeriu que as gravações fossem encaminhadas à polícia. “A senhora enlouqueceu?”, perguntou o detetive, ríspido. “Se a polícia receber as fitas com as minhas interceptações telefônicas, quem vai preso sou eu.” Didático, Virgulino explicou: “Grampo só é legal com a autorização da Justiça, dondoca Marilda.”

 

O caso não saiu nos jornais. Só existiu para quem é adepto dos folhetins produzidos pela Rádio Justiça de Brasília. Intitulada Não Escuta Que Eu Grampo, a história de Virgulino e dondoca Marilda foi transmitida ao longo de uma semana, em cinco capítulos de cinco minutos cada. Calcada na farra dos grampos, tornou-se a atração mais comentada desde o início da emissora, em maio de 2004.

Coordenadora da Rádio Justiça, Madeleine Lacsko afirma que o Supremo não teve nenhuma participação na escolha do enredo: “Imagina se os ministros do STF vão se preocupar em definir tema de radionovela.” Ex-apresentadora de um noticiário da Rádio Jovem Pan, ela garante que a história nada tem a ver com os embates entre o ministro Gilmar Mendes e o delegado Protógenes Queiroz: “A rádio foi criada para dar transparência à Justiça. Eles sabem que, no dia em que houver interferência, isso tudo perde a razão de ser.”

A grade da emissora é composta por programas informativos e educacionais, além de transmissões titilantes de sessões do STF. Há espaço ainda para um pouco de música brasileira e debates, bem como para programas infantis que explicam o bê-á-bá do direito a crianças que precisem saber o que é um habeas corpus. Os estúdios estão localizados no subsolo do edifício sede do Supremo, de onde a emissora transmite para todo o Distrito Federal.

 

 

Até junho do ano passado, as radionovelas eram esporádicas. Com a boa aceitação do público, os capítulos passaram a ser diários. Ao todo, foram escritas quase sessenta novelas. As tramas remetem a questões jurídicas que estão presentes no dia a dia do cidadão. Em As Aventuras do Defensor Público, a dupla de funcionários da Justiça Bartolomeu e Robson enfrenta temidos vilões do Planalto Central. Um Estranho no Ninho fala sobre o Estatuto do Estrangeiro. Quem Viver Verão – assim mesmo, com jogo de palavra – aborda os direitos do consumidor durante uma viagem de férias: gasolina adulterada, venda de bilhete de ônibus duplicado, extravio de bagagem.

O cérebro por trás dos folhetins é Guilherme Macedo, jornalista brasiliense de 28 anos, especialista na cobertura do Judiciário. Para compor as tramas, Macedo se apóia no tripé Nelson Rodrigues-Dostoiévski-Cassiano Gabus Mendes. Diz que o primeiro “entendeu como se escreve diálogo no Brasil”; o segundo mostrou em Crime e Castigo “o que é a justiça na cabeça das pessoas”; quanto ao último, Macedo sustenta que a morte de Gabus Mendes representou o fim “das novelas engraçadas de crítica social” no país. Vez por outra, o dramaturgo grava participações especiais nas histórias: já fez um cão falante e um pisca-pisca vaidoso que exigia ser chamado de “Iluminador Natalino”.

Os personagens são interpretados por funcionários do Supremo, nas brechas do expediente. Virgulino Teixeira recebeu a voz de William Galvão, apresentador do noticiário da própria Rádio Justiça. Dondoca Marilda foi vivida por Odette Rocha, funcionária concursada do STF. Os dois são o Humphrey Bogart e a Lauren Bacall da Rádio Justiça, o par mais constante das peças de Macedo. O elenco de apoio varia. Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB de São Paulo, já fez uma ponta, interpretando por telefone o Doutor Palhares, um advogado trabalhista da trama Alice no País do Trabalho.

 

Fiel a Nelson Rodrigues e Dostoiévski, Não Escuta Que Eu Grampo termina de maneira trágica – ainda que cívica. Imbuída de espírito cidadão, dondoca Marilda resolve denunciar Aderbal, o marido corrupto, mesmo depois de descobrir que ele não era infiel. “Ó, duvida cruel!”, suspira, antes de mandá-lo em cana. A operação termina com a prisão de quinze pessoas, dentre as quais o detetive Virgulino Teixeira, acusado de gravar ilegalmente a conversa alheia.

Guilherme Macedo defende a dura decisão de sua personagem: “Mas ela estava sendo traída! Aderbal era infiel em relação à coisa pública. Marilda se sentiu como o governo ao ter os cofres esvaziados.”

Espera-se uma chuva de divórcios em Brasília.

Pedro Schprejer

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