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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2016

esquina

Nazista do além

Casa de Mengele agora é bufê

Marcos Candido | Edição 117, Junho 2016

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Rosana dos Santos Silva despejou um balde de coxinhas num caldeirão com óleo fervente, avaliou o ponto de outros quitutes e começou a despachar para o salão os salgados que seriam servidos aos cerca de sessenta convidados da festa de casamento daquela noite. Assim que os primeiros padrinhos chegaram – trajando figurino vermelho e preto, conforme as orientações do cerimonial –, ela confiou a supervisão das iguarias a uma funcionária e foi recepcioná-los. Ofereceu-lhes cadeiras e água com gás.

Silva tem 45 anos e ganha a vida fazendo bolos e decorações para eventos. Desde 2012, passou a organizar festas em sua residência, no número 5773 da Estrada do Alvarenga, em frente à represa Billings, na divisa entre Diadema e São Paulo. Nos fins de semana, a empresária convoca funcionários e arregimenta os três filhos que moram com ela para transformar sua casa na Mercearia das Festas, um bufê que promove casamentos, bailes de debutante e confraternizações de empresa voltados a um público de baixa renda. (A festa havia sido agendada para um dos dias dos feriados de Páscoa, para aproveitar o indulto concedido ao noivo, que cumpre pena em regime semiaberto no interior do estado.)

Enquanto distribuía cumprimentos aos convivas e ordens aos subalternos, a organizadora notou um burburinho no salão. Esbaforidas, as madrinhas abanavam uma moça que jazia desfalecida sobre uma cadeira, especulando o motivo de seu mal-estar. A anfitriã, porém, estava convencida de que não se tratava de uma súbita queda de pressão. Chamou a reportagem num canto e revelou: “É o Inimigo.”

 

Aquele desmaio não era a primeira ocorrência que Silva colocava na conta do sobrenatural. A primeira delas havia acontecido no ano passado, conforme a promoter relatou à piauí momentos antes da festa. Ela estava em casa com uma amiga que, ao descer a escada, sentiu um empurrão. “Como ela era evangélica, não caiu, mas percebemos uma mão invisível tentando puxar o pé dela”, disse.

As maquinações do além-mundo, porém, não eram dirigidas apenas a visitas: também o fim do longevo casamento da empresária – foram 25 anos – é creditado ao mau agouro do lugar. “Meu ex-marido odiava muito essa casa”, disse Silva, antes de revelar que o divórcio teve outro ingrediente mais mundano – um affaire que o marido dela manteve com uma copeira da Mercearia das Festas.

Outros episódios misteriosos se sucederam antes que a dona do estabelecimento fosse confrontada com uma possível explicação. Jornalistas, documentaristas e ex-moradores a procuraram para falar de um antigo inquilino do 5773. E ela então descobriu que a casa que arrematara em 2010 havia servido de esconderijo para Josef Mengele, médico nazista que atuou no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial e se escondeu no Brasil entre o final dos anos 60 e o início dos 70. Depois de muitas orações e noites em claro, a dona do bufê enfim ligou os pontos: a causa de seus infortúnios era o alemão, só podia ser ele.

 

 

Em Auschwitz, cabia a Mengele, entre outros oficiais, a seleção de prisioneiros que seriam executados nas câmaras de gás ou conduzidos a tenebrosos experimentos científicos para provar geneticamente a suposta superioridade dos arianos. Crianças, grávidas, anões e pares de gêmeos eram suas cobaias preferenciais. O médico recorria a expedientes como inocular doenças nos pacientes, fazer transfusões de sangue entre irmãos ou injetar azul de metileno nos olhos das vítimas na tentativa de mudar a cor original. Ficou conhecido como o “Anjo da Morte”.

Quando, em 1975, decidiu se esconder na Estrada do Alvarenga a convite de amigos e na companhia de uma empregada, Mengele era um senhor com bigode farto e cabelos grisalhos, conhecido na região como seu Pedro – embora o forte sotaque sugerisse que ele estava mais para Herr Peter.

Avesso a andanças pelo bairro, o alemão passava os dias na edícula dos fundos, datilografando relatos de sua fuga pela Bavária ou escrevendo cartas que enviava aos contatos que manteve desde que aportara na América do Sul (também morou na Argentina e no Paraguai). Em 1979, com pouco dinheiro e tomado por fortes dores estomacais, Mengele saiu do sobrado à beira da represa Billings e se mudou para uma casa na praia de Bertioga, no litoral paulista. Ao entrar no mar com um casal de amigos, teve um mal súbito e morreu. Era um dos criminosos de guerra mais procurados do mundo.

 

 

Quando comprou a casa que servira de refúgio a seu Pedro, Rosana Silva desconhecia a história de Mengele. O proprietário anterior, seu amigo e cliente da Mercearia das Festas, só tomou conhecimento do sinistro ex-morador quando um repórter o procurou em busca de detalhes. Não fez questão de informar o histórico do imóvel à compradora.

A dona do bufê disse que, graças a “muita oração”, ela e seus familiares ficaram imunes às manifestações do Inimigo – ela jamais chama Mengele pelo nome. Tal imunidade, porém, não se estende aos convidados, vítimas ocasionais de incidentes em que ela enxerga a intervenção do nazista. “Todas as pessoas sensíveis ao mundo espiritual passam mal aqui”, disse. Para a promoter, não há margem de dúvida: “O que não é de Deus, é obra do Inimigo.”

Silva preferiu não dividir com os convidados do casamento sua explicação para o desmaio da madrinha. Seus negócios andam de vento em popa, mas o mesmo não se pode dizer da concorrência. Naquela noite, o bufê Tio Patinhas, nas imediações, permaneceu silencioso.

A súbita manifestação do além não impediu que os festejos continuassem. A madrinha desfalecida se recuperou após cavalares doses de água com limão providenciadas pela anfitriã. Mais tarde, foi vista dançando a sequência de música gospel providenciada pelo DJ, ao som do verso “Meu Advogado é o meu Senhor”.

Marcos Candido

É jornalista em São Paulo. Foi repórter do Núcleo de Reportagens Especiais do UOL e das revistas Trip e Tpm. Escreve para a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo

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