ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2021
Nosotros cuatro
Uma família de venezuelanos enfrenta a pandemia no Brasil
Tiago Coelho | Edição 176, Maio 2021
Em 2014, Deiby Marquez Carpio tinha 27 anos e decidiu ir embora da Venezuela. Fazia um ano que o país estava sob o comando de Nicolás Maduro. Técnico em administração, Marquez não conseguia emprego em seu país, onde via a pobreza e a violência aumentarem dia após dia. Além disso, ele e o namorado passaram a sofrer ataques homofóbicos. Eram ameaçados por pessoas ligadas à Milícia Bolivariana, uma organização de civis armados, criada para dar apoio às Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb) e que reúne mais de 3 milhões de militantes. “Eles costumam perseguir as pessoas que são contra o governo. Muitos são preconceituosos e hostilizam homossexuais. Diziam para nós: ‘Saiam daqui, a gente não gosta de viados’ ou ‘Nós vamos matar vocês’”, contou Marquez. “Eu e meu ex viemos para o Brasil praticamente fugidos.”
O técnico em administração e o namorado chegaram ao Rio de Janeiro num momento em que havia na cidade abundante oferta de emprego, por causa da Copa do Mundo e da Olimpíada. Ele trabalhou como atendente de padaria e ajudante de padeiro e começou a juntar dinheiro para trazer a mãe e os dois irmãos mais novos para o Brasil. Mas não teve tempo: a mãe do namorado ficou doente, e o casal precisou retornar à Venezuela em 2016.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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