O sepultamento de Nêgo Bispo: ele foi enterrado embaixo de um pé de angico, como havia pedido CRÉDITO: MAURÍCIO POKEMON_2023
Começo, meio, começo
O adeus ao pensador quilombola Nêgo Bispo
Samária Andrade | Edição 208, Janeiro 2024
Na comunidade quilombola Saco-Curtume, em São João do Piauí, a cerca de 450 km de Teresina, os moradores estavam erguendo uma área de lazer, com um bar e duas piscinas de pedra. Um dia, alguém notou que uma das paredes parecia torta. Resolveram então perguntar a Nêgo Bispo, que financiava a obra, se deviam refazer a parede. “Para quê?”, ele respondeu. “Por que tudo tem que ser linear? Isso aqui é o saber orgânico.”
Quem contou o episódio foi Joana Maria de Oliveira, filha de Nêgo Bispo, durante o velório do ativista, pensador e escritor quilombola. Naquele dia 4 de dezembro, segunda-feira, histórias como essa circulavam entre parentes, vizinhos e cerca de duzentas pessoas que haviam acorrido a Saco-Curtume para se despedir desse homem de grande influência no movimento negro e nos movimentos sociais em geral.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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