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    Em Lagos, nigerianos aguardam a visita de Jimmy Carter, em 31 de março de 1978: três anos depois, ele deixaria a Presidência e passaria a se dedicar à luta pelos direitos humanos CRÉDITO: DIETER ENDLICHER_1978_AP PHOTO_IMAGEPLUS

despedida

O antípoda de Trump

Jimmy Carter deixou como legado a defesa da paz, dos direitos humanos e do meio ambiente

Consuelo Dieguez | Edição 221, Fevereiro 2025

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Em 1976, o diplomata Rubens Ricupero era conselheiro na Embaixada do Brasil nos Estados Unidos quando lhe coube informar o governo brasileiro sobre as eleições presidenciais americanas daquele ano. A disputa estava acirrada entre o democrata Jimmy Carter, governador da Geórgia, e o republicano Gerald Ford, que assumira a Presidência em 1974, depois do escândalo Watergate, responsável pela renúncia de Richard Nixon. Para parte da opinião pública, Carter não passava de um caipira. Ford, por sua vez, fora carimbado com a anedota de que, devido às pancadas que levou quando foi jogador de futebol americano, não era capaz de andar e mascar chiclete ao mesmo tempo.

Os informes sobre a campanha que Ricupero enviava ao Itamaraty não continham boas notícias para a ditadura brasileira, comandada à época pelo general Ernesto Geisel, que se comprometera a fazer uma “distensão lenta e gradual” do regime. As pesquisas davam a vitória de Carter como certa, e os relatórios de Ricupero indicavam que, caso as projeções se concretizassem, a eleição americana seria “uma dor de cabeça” para o governo militar. “Eu informava, entre outras coisas, que, na campanha, Carter havia mencionado o Brasil como violador dos direitos humanos”, me contou Ricupero no mês passado, poucos dias depois da morte do ex-presidente americano, em 29 de dezembro, aos 100 anos. “Além disso, Carter criticava o acordo nuclear assinado entre Brasil e Alemanha, que era caro aos militares, pois poderia transformar o país numa potência atômica, coisa que os americanos não queriam”, acrescentou o diplomata de 87 anos, ex-ministro da Fazenda e um dos luminares da política externa brasileira, autor do livro A diplomacia na construção do Brasil (1750-2016).

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