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    No Ilê da Oxum Apará: a escrivaninha de Lélia Gonzalez, a Olivetti Linea 98, o abajur e peças africanas simbolizando o equilíbrio, a ancestralidade e a caminhada rumo à iluminação CRÉDITO: TÉRCIO TEIXEIRA_2024

questões de memória

Tesouro no terreiro

O destino do legado de Lélia Gonzalez, a mais importante – e ignorada – intelectual negra do país

Plínio Fraga | Edição 212, Maio 2024

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Pouco antes de o Brasil entrar em campo contra a Holanda, nas quartas de final da Copa do Mundo de 1994, Pelé apareceu na tela da tevê para comentar o jogo que seria transmitido em poucos minutos de Dallas, nos Estados Unidos. No Rio de Janeiro, assim que ouviu a voz do craque, a antropóloga Lélia Gonzalez pediu à sua sobrinha Eliane de Almeida que desligasse a tevê.

Uma década antes, Gonzalez havia escrito um artigo duro contra Pelé. Chamou o craque de “jabuticaba”: preto por fora, branco por dentro e com um caroço que não dá para engolir. Achava que Pelé era o exemplo perfeito do negro que foi vítima da lavagem cerebral do embranquecimento, adotando posições políticas conservadoras e optando por loiras de olhos claros como ideal de beleza. “Como ele conseguiu ascender, passa a achar que a negrada não é de nada, que não se esforça, que não gosta de trabalho que é irresponsável etc. […] Portanto, a negrada é inferior”, escreveu Gonzalez no texto A esperança branca, que saiu na Folha de S.Paulo, em 21 de março de 1982.

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