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    Kessler usava seu diário mais para descrever minuciosamente o que via e ouvia nos salões de Berlim, Londres e Paris do que para falar de si; fez a crônica de um tempo de mudanças vertiginosas FOTO: HUGO ERFURTH, DRESDEN_1909_DEUTSCHES LITERATURARCHI, MARBACH_ TEXTO PUBLICADO SOB PERMISSÃO DA EDITORA KLETT-COTTA VERLAG

diário

O homem que conhecia todo mundo

Um cultor e patrono da arte moderna circula pelos ateliês, mesas e salões da Belle Époque

Harry Graf Kessler | Edição 85, Outubro 2013

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Ele ajudou a fazer a máscara mortuária de Friedrich Nietzsche, recebeu de Paul Verlaine a última lembrança que o poeta guardava do amante Arthur Rimbaud, encomendou duas gravuras a um miserável Edvard Munch, que depois pintou seu retrato, comemorou com Vaslav Nijinsky a estreia de Sagração da Primavera, partilhou a mesa com praticamente toda a vanguarda artística e literária da Belle Époque. O CONDE HARRY CLÉMENT ULRICH KESSLER considerava-se um cidadão europeu numa época em que o otimismo com o avanço técnico (telefone, cinema, automóvel, avião) convivia no continente com as rivalidades nacionais que levariam à Primeira Guerra Mundial.

Kessler herdou o título de conde do pai, um banqueiro alemão. Sua mãe vinha de uma família de altos funcionários do Império Britânico. Ele nasceu em Paris, passou a adolescência em Londres, e usou sua fortuna para difundir e financiar a arte moderna. Na Alemanha, desafiou o conservadorismo da aristocracia imperial como fundador da Associação dos Artistas, membro do conselho editorial da revista Pan e diretor do Museu de Artes e Ofícios de Weimar. Aristocrata ele próprio, homossexual e oficial orgulhoso da reserva do Exército, editor, escritor, dândi, boêmio e diplomata, Kessler era tudo isso e ao mesmo tempo um observador irônico dos diferentes mundos que frequentava. Ele manteve um diário por 57 anos, até sua morte em 1937. As anotações de 1880 a 1914 só foram encontradas em 1983, quando da abertura de um cofre que Kessler alugara na ilha de Mallorca, na Espanha, onde se refugiou do nazismo. O conjunto ocupa nove volumes em alemão (Harry Graf Kessler, das Tagebuch), dos quais foram traduzidos os trechos a seguir.

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