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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2013

esquina

O infame Patolino

A bienal da poesia ruim homenageia o reino animal

Nuno Manna | Edição 77, Fevereiro 2013

A+ A- A

O homem é o lobo do homem

A hamam á a laba da hamam

E hemem é e lebe de hemem

 

I himim í i libi di himim

O homom ó o lobo do homom

U humum ú u lubu du humum

 

Os versos acima compõem a primeira estrofe do poema “Empirismo de Thomas Hobbes”. Foram escritos por um autor misterioso, dono de uma assinatura infame: Patolino, como o anti-herói do desenho animado do Pernalonga. Era ele quem assinava treze das 61 peças inscritas na última edição da Bienal dos Piores Poemas, a BPP, evento em Belo Horizonte que vem revelando talentos para qualquer coisa que não seja a poesia. Patolino foi o autor que mais vezes insistiu no erro na última edição do festival, a oitava desde 1998.

Seu favoritismo na disputa foi reconhecido até pelos concorrentes, como as autoras de codinome Regininha Poltergeist e Maria Leitoa. O poeta anônimo foi além dos clichês de amor e dor. Fez aquela tia que interrompe o jantar de família com recitais parecer a próxima Adélia Prado, como mostra o poema “Evolução da espécie”:

de ameba para peixe

 

nada mal!

de peixe para sapo

surreal!

de sapo para lagarto

que legal!

de lagarto para rato

sensacional!

de rato para macaco

animal!

de macaco para homem

Venceslau!!!

 

A recorrência da animália na poesia patolínica se deveu à exigência da curadoria da Bienal, que desta vez foi batizada de BPPet e lançou a seguinte convocatória: “Faça um poema para seu bicho.” Os participantes deveriam assinar suas obras com pseudônimos e não se desviar do lema histórico do evento: “Um lápis na mão e uma ideia ruim na cabeça.”

A BPP é invenção de uma tradicional, ainda que vanguardística, companhia de arte belo-horizontina, o Grupo Oficcina Multimédia, liderado pela diretora teatral Ione de Medeiros. Pertencente à Fundação de Educação Artística desde 1977, o grupo dedica-se à “pesquisa cênica” e promove festivais culturais na capital mineira, como o Verão Arte Contemporânea.

Segundo os organizadores da última edição da Bienal, a escolha do mundo animal para tema deveu-se à tendência de “humanização excessiva” dos bichos, “alimentada por interesses mercadológicos”. O site define o evento como uma “provocação ao academicismo” e uma “homenagem a todas as manifestações humanas que tentam de alguma forma lidar com o inexplicável, o indizível, o impalpável”. De fato, não há muito que dizer de algo como “A incrível risada da arara azul”, de Patolino:

Ah ra!

Ah rara!

Ah rarara!

Ah rararara!

Ah rararararara!

 

Na noite de 14 de dezembro, a entrega dos prêmios da BPPet comprovou mais uma vez que há público para tudo. Cerca de sessenta pessoas foram à pequena casa de espetáculos onde seriam anunciados os vencedores. Escondido entre rostos insuspeitos, Patolino poderia ser qualquer um dos que assistiram comportadamente às imagens projetadas no telão – vídeos com trechos de shows de poodles adestrados, buldogues andando de skate e um canguru dando uma surra em um homem em um ringue de boxe.

Os integrantes do Grupo Oficcina Multimédia estavam fantasiados de acordo com o tema da BPPet, e ofereciam atividades para entreter o público. A zebra disputava uma partida de jogo de varetas com quem se aventurasse; a tigresa pintava unhas com cores que, segundo ela, tinham uma conexão mística com a aura de cada um; a macaca se oferecia para enviar, por e-mail, mensagens de amor. O cachorro, por fim, levava os corajosos para enfrentar seus medos dentro da “sala dos terrores”, onde ratos e baratas (de plástico) rodeavam seus pés.

Jonnatha Horta Fortes, ator do Oficcina, se vestiu de pantera para comandar a cerimônia. Desafiando o anticonvencionalismo da Bienal, abriu a noite com um discurso palavroso. “Sabemos muito bem que paira no ar um saudável questionamento sobre a razão intrínseca que justifique um evento dessa natureza. Por que a BPP 8? É o que todos se perguntam. E essa é uma boa pergunta! No entanto, responder a ela seria o mesmo que confabular com as regras das academias, as quais questionamos. No máximo poderíamos dizer: porque sim. Do contrário teríamos dito: porque não. E nada disso estaria acontecendo.”

Antes da entrega dos prêmios, foi lida a ata da comissão avaliadora, formada por três artistas convidados. “Os 61 trabalhos apresentados são de altíssimo nível inferior. Como sói acontecer, alguns candidatos erraram a mão e quase fizeram boa poesia. Por pouco não foram indicados a prêmios correlatos, porém tradicionais, que incentivam a competição pela soberba de serem definidos como os melhores.”

Para espanto geral, o nome de Patolino não foi proferido nenhuma vez durante a entrega dos troféus principais – girafinha, girafa, girafão e hors-concours. A ele restou uma menção honrosa entre as dez distribuídas, pelo poema “Veado”:

Bumbo

Bumba

Bomba

Bamba

Bimba

Bambi

Quando a menção foi anunciada, um dos jurados deixou escapar: “Esse merecia um prêmio pelo conjunto da obra.” Mas a láurea nunca veio. O poeta injustiçado não se deu ao trabalho de levantar para receber a menção de consolação. Sua identidade permanecerá um mistério, nas sombras do poema que recebeu o grande prêmio da noite – “Sally Lindinha”, assinado por Berped:

Ah, Sally lindinha,

Te imaginava de chapéu-coco e bengala

dançando como a Liza em Cabaret.

teu nome era por ela

mas você não me alegrava dançando

mas me alegrava rodando!

Rodava, rodava, rodava

e rodava na sua rodinha infinita

me contava seus segredos

quando no meu ombro ficava

me ouvia e me olhava

como se entendesse tudo o que eu

lhe dizia

e aqueles teus olhinhos vermelhos

brilhantes

tão sensíveis à luz quanto os meus!

Ahh, Sally! que saudades tenho eu

do seu jeitinho mansinho e medroso

de ser minha amiguinha ratinha.

A noite foi encerrada com um banquete. Tigelas com água e ração (cereais de milho de sabor chocolate) foram servidas ao público, que comeu com as mãos atadas para trás. Um rapaz frustrado com o resultado cuspiu bolinhas de cereal na tigela de água do amigo ao lado: “Olha no que você foi me meter!”

Nuno Manna

Jornalista e professor na Universidade Federal de Uberlândia, é autor de Jornalismo e o Espírito Intempestivo e A Tessitura do Fantástico.

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