Moraes, o magistrado: ele sorriu, bocejou, piscou o olho, tomou café, bebeu água – e disse que crime contra a democracia é imperdoável CRÉDITO: CAIO BORGES_2025
O julgamento
Os detalhes – solenes, cômicos, desprezíveis – de uma cena inédita no Brasil
Camille Lichotti | Edição 229, Outubro 2025
Na tarde de 8 de dezembro de 2022, cinco oficiais das Forças Armadas cadastraram novos números de celular para dispor de um canal de comunicação sigiloso no aplicativo Signal. O objetivo era planejar o assassinato de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O ministro era vigiado em tempo real com ferramentas de inteligência do Estado. Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi informado sobre o itinerário e a localização do ministro. O plano previa que, depois do assassinato, seria decretado o estado de sítio, a Justiça Eleitoral seria dissolvida e um comitê fiel a Bolsonaro controlaria o país.
Desde a volta da democracia, esse episódio marcou o momento em que o Brasil esteve mais perto de um golpe. A operação só foi cancelada porque o comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, recusou-se a aderir ao levante. Ainda assim, os golpistas mantiveram vivo seu discurso. Um mês depois, uma multidão bolsonarista, estimulada por seus líderes, invadiu a Praça dos Três Poderes, depredou o que viu pela frente e clamou por um golpe para manter Bolsonaro no poder.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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