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    Revisionismo: nada é mais arraigado no bolsonarismo do que a visão da caserna de que a democracia tem sido só corrupção – esquecendo-se de que a censura promovida pela ditadura impedia até que se falasse da corrupção no regime militar CRÉDITO: ANGELI_ 2010

questões militares

O mito do mito

Os fatos dizem que a eficiência das Forças Armadas na gestão pública é mais fantasia do que realidade

Natalia Viana | Edição 189, Junho 2022

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O verdadeiro mito que sustenta o governo não é o que dorme no Palácio da Alvorada. É aquele ao qual Jair Bolsonaro se agarra a cada nova crise, inclusive as que ele mesmo cria: o mito da eficiência das Forças Armadas. A ideia de que os militares são gestores eficazes, aptos a resolver qualquer parada, não vem de agora e ressurgiu em todos os governos desde a redemocratização – de Fernando Henrique Cardoso a Michel Temer, passando por Dilma Rousseff. Virou até expressão corrente na caserna chamar as Forças Armadas de “Posto Ipiranga”, em referência a uma campanha publicitária de 2011 que dizia que o estabelecimento resolvia tudo que as pessoas precisavam. Bolsonaro, espertamente, apropriou-se não só do mito, mas também da expressão. A diferença é que a aplicou não a um militar, mas ao seu ministro da Economia, Paulo Guedes, com os resultados que todos conhecem.

No embalo da ilusão de eficiência, as Forças Armadas estiveram significativamente ocupadas neste início de século: foram chamadas para pacificar o Haiti, combater a maior seca do semiárido, coordenar a segurança pública durante a Copa do Mundo e a Olimpíada, gerir o combate ao desmatamento da Amazônia, acolher refugiados venezuelanos, construir rodovias, proteger fronteiras, fazer revista em penitenciárias, ajudar no controle da pandemia e, agora, questionar se as urnas eletrônicas em uso no Brasil há décadas são realmente confiáveis.

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