Kalani Lattanzi enfrenta, apenas com nadadeiras, a onda formada na Praia do Norte, na cidade portuguesa de Nazaré: “Eu me lembro de ver um pontinho a nadar no meio do oceano. Primeiro pensava que era um pedaço de lixo ou uma boia, mas era o Kalani”, conta o diretor português Nuno Dias CRÉDITO: JOÃO BRACOURT_2016
O monstrão
O bodysurfer brasileiro-havaiano Kalani Lattanzi enfrenta com o próprio corpo uma das maiores ondas do planeta
Tereza Novaes | Edição 192, Setembro 2022
Algumas das maiores ondas do mundo ocorrem na costa Oeste da Ilha de Maui, no Havaí, numa região marítima chamada Jaws (“mandíbulas”, em inglês). Para um surfista, desafiar Jaws é aceitar a possibilidade de ser mastigado como um inseto por toneladas de água. As ondas produzidas ali podem alcançar uma altura de cerca de 18 metros, o equivalente a um prédio de seis andares. Por isso, em Maui há grande atenção com a segurança dos surfistas e não faltam equipamentos de proteção, como capacetes e coletes que inflam em segundos, além de jet skis, úteis tanto para colocar o surfista no ponto certo da onda quanto para resgatá-lo. Era assim até aparecer Kalani Lattanzi.
Nascido no Havaí, mas criado no Brasil, Lattanzi, de 28 anos, dispensou esse aparato (exceto a carona dos jet skis) na hora de enfrentar Jaws, em 2 de novembro do ano passado. Ele avançou sobre o Pacífico munido apenas de sua própria força, um par de nadadeiras e um handplane verde – uma pranchinha do tamanho de um caderno escolar. Por volta das três da tarde, enquanto Jaws gestava a sua fúria, Lattanzi – com seus 85 kg de peso e 1,79 metro de altura – encontrou a velocidade e o ponto exatos, desviou-se rapidamente para a direita e, de barriga para baixo e braços esticados à frente, enfrentou a gigante no peito.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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