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O padre veste verde

Jesus era palmeirense

Rafael Moura | Edição 146, Novembro 2018

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Quem examinar com atenção A Última Ceia que decora a igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Diadema, na Grande São Paulo, notará que Jesus Cristo veste um manto verde e branco, e não vermelho e azul, como Leonardo da Vinci imortalizou há cinco séculos. O toque especial foi ministrado por Odair Angelo Agostin, o padre que por quase três décadas esteve à frente da paróquia do Eldorado.

A artista italiana a quem Agostin encomendara a sequência de quadros que retratam a Paixão de Cristo ficou encasquetada – ela nunca vira o filho de Deus vestindo verde. O padre lhe disse para não se preocupar. “Na verdade, ninguém sabe a cor da roupa que ele usava naquele dia, então fica ao gosto do freguês”, ele explicou, enquanto admirava o resultado final. “Se alguém provar que roupa ele usava, eu troco.”

À medida que promovia pequenas reformas na igreja, Agostin salpicava aqui e ali outros detalhes inspirados por seu fervor pela Sociedade Esportiva Palmeiras. As paredes brancas ganharam toques verde-limão e verde-musgo. Certa vez um devoto observou que azul seria uma cor mais adequada para uma igreja, mas o padre bateu pé: “Aqui é tudo verde.”

 

Odair Agostin é um senhor alto e rechonchudo de 66 anos que usa óculos grandes e um relógio dourado no pulso. Filho de um lavrador e neto de italianos, foi batizado em homenagem a um ponta-direita do Palmeiras nos anos 50. “Eu já era palmeirense antes de ser cristão”, ele conjectura. E vai além: “Se o verde é a esperança e o branco significa paz, e Jesus veio trazer a paz e a esperança para o mundo, então ele é palmeirense.” Mas por que Judas Iscariotes veste preto e branco na Última Ceia encomendada por ele? “Fui eu que escolhi, já que ele é o traidor”, contou o padre.

Em sua casa, no Eldorado, a decoração também segue as cores do time, a ponto de a cama trazer um brasão do clube. Na carteira de couro (verde), Agostin sempre leva duas carteirinhas, a de sócio e a de cônsul do time, a qual lhe garante um ingresso a cada partida. “Em Diadema só há dois cônsules, e sou um deles.”

 

Quando, aos domingos, o horário da missa coincide com um jogo decisivo do Palmeiras, o sacerdote recorre a uma artimanha para se inteirar do resultado. Além de deixar um rádio ligado na sacristia, seus ministros auxiliares – apenas os palmeirenses – o informam das mudanças no placar por meio de sinais, como num jogo de truco. Polegares para cima e para baixo sinalizam os gols; punhos juntos cerrados indicam empate; braços cruzados no peito anunciam o fim da partida. O padre às vezes compartilha com os fiéis o resultado da partida. “Podem ficar tranquilos que o Palmeiras ganhou”, dirá ele num dia de vitória.

 

Em abril deste ano, seu time saiu derrotado da final do Paulistão numa decisão polêmica, com um pênalti contra o Corinthians anulado num lance que os palmeirenses sustentaram receber interferência externa. Abalado com o desfecho, ele anunciou, do púlpito: “Hoje não vou conseguir me alongar muito na homilia, estou com a cabeça pesada depois do roubo que aconteceu em São Paulo.” Os fiéis riram, solidários.

Foi justamente numa final contra o Corinthians, em 1993, que a fama de torcedor roxo começou a circular. Com a vitória contra os arquirrivais, o Palmeiras ganhou o Campeonato Paulista e saiu de uma fila que já durava dezessete anos. A decisão ocorreu no Dia de Santo Antônio, num sábado em que Agostin celebraria sete casamentos. “A cada cerimônia que terminava eu corria para ver como estava o jogo”, ele lembrou.

O último casamento daquele sábado celebraria a união de dois corintianos que pretendiam subir ao altar trajando uma indumentária preta e branca. Com a vitória certa do Verdão por 4 a 0 antes do matrimônio, o padre decidiu vestir o uniforme do time sob a túnica. Mas não contava com a transparência do tecido, que acabou revelando à audiência a marca da Parmalat, patrocinadora do time. “Foi um fuzuê, saiu em jornais que eu rezava missas com a camisa do Palmeiras”, lembrou Agostin.

 

O sacerdote faz troça do padroeiro do Timão. “Alguns nem consideram que São Jorge seja santo”, afirmou. “Para ele eu não rezo nem uma Ave-Maria. Prefiro San Gennaro.” Agostin não perde uma oportunidade de espezinhar seus colegas corintianos e não hesita em devolver a provocação, mesmo que para tanto precise relaxar o preceito cristão de oferecer a outra face. “No futebol, não”, brincou. “Aqui, bateu, levou. No altar sou profeta, no confessionário sou pastor e fora da igreja sou torcedor.”

 

Em janeiro de 2017, o padre Odair deixou a igreja Nossa Senhora dos Navegantes e passou a rezar missas como titular da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Casa Grande, também em Diadema. Recém-instalado, já foi decorando o local a seu jeito. “Quando cheguei faltavam duas cruzes para pregar nas paredes, aproveitei e já botei verde”, contou. Em outubro, mandou pintar a fachada da nova igreja de verde e branco. “O pessoal já sabia da minha fama”, disse o sacerdote. “Eles até disseram: ‘E não é que ficou bom?’”

Em grande fase no segundo semestre, o Palmeiras lidera o Campeonato Brasileiro e disputa um lugar na final da Copa Libertadores. “O mínimo que espero é que ganhemos os dois canecos”, disse Agostin. “O grito de campeão está entalado na garganta.” Mas a felicidade com o desempenho do time não tira do coração do padre o rancor com as mágoas recentes. “Ainda não ganhamos nada este ano, e a Copa do Brasil também foi garfada”, praguejou, aludindo a um lance polêmico na semifinal em que o Verdão foi eliminado pelo Cruzeiro.

O padre também celebra quase todo dia missas de falecimento no cemitério Vale da Paz, em Diadema. “É o meu arroz com feijão”, ele costuma brincar com os colegas de igreja. “Hoje rezei no velório de três defuntos”, disse numa manhã de sábado, mostrando o jazigo que adquiriu naquele campo-santo. “Sempre que passo aqui, digo ‘espera mais um pouco’”, troçou. Falta comprar o caixão verde com o brasão do Palmeiras em que pretende ser enterrado. Estará com o uniforme por baixo da batina. “Senão eu levanto para buscar.”

Rafael Moura

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