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O rei que o Brasil não soube venerar

    No Chile, em 1962: o célebre mecanismo psicológico de separar o cidadão Edson do jogador Pelé era uma forma de preservar a sanidade do homem comum ou a imagem do gênio? Ou as duas coisas? CRÉDITO: ASSOCIATED PRESS_1962

heróis do gramado I

O rei que o Brasil não soube venerar

A vida de Pelé e a morte de Edson Arantes do Nascimento

Marcos Caetano | Edição 197, Fevereiro 2023

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Pelé foi mais um dos grandes símbolos nacionais vilipendiados por um povo que parece nutrir uma espécie de fetiche pela devastação. Obviamente, não se trata de um sentimento generalizado, mas é impossível negá-lo. A impressão que tenho é a de que, para muitos de seus compatriotas, o Rei nunca foi bom o suficiente a ponto de merecer a mesma admiração que despertava no resto do mundo. E acredito que só agora, quando o perdemos para sempre, é que começamos a perceber a insanidade de não termos dado a ele, antes, o devido valor. Ocorreu o mesmo com o Palácio Monroe e a Avenida Central, com o Museu Histórico Nacional e com as Sete Quedas, com João Gilberto e com Garrincha, e, claro, com a Taça Jules Rimet.

Acabo de redigir essas primeiras linhas e já me dou conta de que esse não era o parágrafo de abertura que sonhei escrever quando Pelé nos deixasse. Entretanto, diante da quadra tão difícil que o país atravessa, a necessidade de falar de devastação em um ensaio que deveria ser uma gloriosa epopeia se tornou indeclinável. Eu trairia a memória do grande ídolo se me deixasse levar pela tentação de colocar no papel, como muita gente talentosa já fez, nada mais do que um fluxo de palavras formidáveis com as façanhas que o Rei produziu nos gramados. Sendo assim, preciso aceitar que o texto para o qual me preparei por mais de vinte anos começou e terminará bem diferente do que eu havia imaginado.

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