CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024
O rio levou o ilê
O drama do último terreiro de candomblé ketu em São Leopoldo
Maria Júlia Vieira | Edição 213, Junho 2024
Foram meses de preparativos para a homenagem anual à Iansã, realizada no Ilê Axé Oyawoyê, um terreiro em São Leopoldo, município a 35 km de Porto Alegre. Desde a confecção das roupas até a feitura dos alimentos sagrados, tudo foi pensado nos mínimos detalhes para celebrar os 34 anos de dedicação da ialorixá (mãe de santo) Mãe Bel D’Oya à Rainha dos Ventos. No último 20 de abril, em consonância com o axé – força vital que une a todos, segundo o candomblé –, o Sol brilhou.
A celebração dura dias e para concluí-la, de acordo com as regras da religião, tudo que é orgânico deve ser devolvido à natureza. Foi por esse motivo que Thiago D’Ossain – filho da ialorixá – conduziu sua família de santo ao Rio dos Sinos, a 1 km do terreiro. “Foi a penúltima vez que vimos o rio. Na última, ele nos engoliu”, recorda D’Ossain, que se chama Thiago Passos dos Santos e é auxiliar administrativo, produtor cultural e membro do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana de São Leopoldo.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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