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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL

esquina

O samba vive

A reinvenção de um Di Cavalcanti

Roberto Kaz | Edição 110, Novembro 2015

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Em agosto de 2012, o ateliê do restaurador Cláudio Valério, em Niterói, mais lembrava uma enfermaria de guerra. À espera de cuidados, estavam lá um Antonio Dias dilacerado, um Milton Dacosta chamuscado, um Vicente do Rego Monteiro manchado. Eram os sobreviventes do incêndio que no fatídico dia 13 daquele mesmo mês eclodira no apartamento do marchand Jean Boghici, em Copacabana. O fogo, possivelmente causado pelo curto-circuito de um ar-condicionado, espalhara-se em minutos pelos dois andares da cobertura, dizimando parte da coleção de Guignards, Tarsilas e Brecherets. Ao lado dos acervos de Gilberto Chateaubriand e de Sergio Fadel, a coleção de Boghici estava entre as mais importantes do modernismo brasileiro.

Dentre as várias perdas, uma fora especialmente lamentada. A tela Samba, pintada em 1925 por Di Cavalcanti, derretera junto com a proteção de acrílico que a amparava. “Achei que Jean fosse ficar quebrado, mas ele encarou tudo muito bem”, contou Cláudio Valério. O restaurador acolheu o que havia restado do acervo do amigo e se pôs a trabalhar. Boghici o visitava duas vezes por semana, e sempre que via um quadro recuperado, gritava: “Está salvo!” Inspirado pelo entusiasmo do marchand, Valério resolveu homenageá-lo.

O restaurador convocou os colegas Celio Belem e Milton Eulalio, com quem integra o coletivo de pintura Guilda de São Francisco, e sugeriu que repintassem do zero o quadro destruído de Di Cavalcanti. “Nossa primeira ideia era fazer duas telas pequenas, a serem colocadas lado a lado. Uma com a reprodução de Samba, outra com um retrato de Jean”, explicou. Ao saber que a moldura original – ainda que parcialmente carbonizada – havia resistido ao fogo, Valério resolveu reutilizá-la, recuperando-a mas mantendo as cicatrizes do trauma.

 

Valério, Belem e Eulalio encomendaram então uma tela de 1,77 metro de altura por 1,54 metro de comprimento – tamanho exato daquela pintada por Di Cavalcanti. Em vez de refazer Samba tal qual era, decidiram que, na reprodução, Boghici deveria habitá-la. O marchand se entusiasmou e, em duas visitas ao ateliê, posou para o amigo e os outros dois pintores, sentado numa poltrona. Antes da terceira sessão, contudo, o modelo vivo ficou doente, com problemas pulmonares, e precisou ser internado. O quadro – ainda em fase de esboço – foi interrompido, à espera de uma melhora de Boghici. Passados dois anos de internações constantes – e cada vez mais longas –, o marchand romeno morreu de embolia pulmonar em junho de 2015, aos 87 anos.

 

Aos 66 anos, Cláudio Valério é um dos mais importantes restauradores do país. Junto com Edson Motta Júnior, recuperou as pinturas de Eliseu Visconti – um dos raros artistas impressionistas do Brasil – que decoram o teto, o foyer e as paredes do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Também cuidou dos painéis Guerra e Paz, de Cândido Portinari, encomendados pelo governo brasileiro na década de 50 para decorar o espaço mais nobre da sede das Nações Unidas em Nova York (cada painel mede 140 metros quadrados). Do acervo incendiado de Boghici, Valério reabilitou 28 quadros. Outros vinte foram perdidos. Nada pôde fazer por Samba, nem por Floresta Tropical, de Guignard, tampouco por uma pintura do uruguaio Torres García. “Alguns estavam completamente pretos”, lembrou.

Samba, que retratava uma mulata com um seio à mostra, em meio a uma roda de músicos, era uma espécie de Mona Lisa do modernismo brasileiro. O quadro fora comprado por Boghici nos anos 60, época em que dividia uma galeria com o também marchand Jonas Prochownik, com quem se associara. Quando a parceria foi desfeita, ainda naquela década, Prochownik escolheu ficar com um Chevrolet Impala e com a maior parte das obras. Boghici quis apenas a tela de Di Cavalcanti – à época, ainda não muito valorizada. Com o tempo, o valor artístico – e pecuniário – de Samba cresceria de maneira exponencial. A tela viria a ser avaliada, mais tarde, em 25 milhões de dólares. Boghici jamais aceitou negociá-la.

 

Por isso, quando da morte do marchand, Valério, Belem e Eulalio decidiram que o projeto de repintar o quadro iria adiante, mesmo sem Boghici como modelo. Passaram a se encontrar no ateliê duas vezes por semana. Primeiro reproduziram em detalhes a obra de Di Cavalcanti. Como já haviam restaurado várias telas do artista, tinham seu estilo na ponta do pincel. Depois se basearam numa foto de Boghici – de quando ele posara no ateliê – para inseri-lo, sentado, em meio às figuras do quadro. O romeno foi retratado em tons realistas, com o cabelo liso e o nariz adunco que lhe eram característicos. Veste camisa social, calça cáqui, meia laranja e tênis de corrida, o que gera um contraste imediato com os personagens populares do quadro.

“Pensamos em fazer o Jean no estilo do Di Cavalcanti, tangenciando o art déco, mas ficaria caricato”, explicou Valério. “Além disso, queríamos que ele tivesse um destaque, para que ficasse claro se tratar de uma inserção, de uma homenagem.” O restaurador acredita que Boghici teria aprovado. “Ele era um dos marchands mais abertos que conheci. Acharia interessante a intervenção.”

A tela, terminada dois meses atrás, ganhou o nome de Não Deixe o Samba Acabar – um trocadilho com a história do incêndio, a obra perdida e a canção de Beth Carvalho. Depois de pronta, foi enquadrada na moldura original, que conserva as marcas do incêndio.

 

Em setembro, Geneviève, viúva de Boghici, foi convidada ao ateliê para avaliar o quadro. “Ela ficou muito emocionada. Segurava minha mão, me abraçava, tinha os olhos marejados. Disse que sentia como se Jean estivesse ali, conversando com ela”, contou Valério. Como planejado desde o início, o quadro lhe foi dado de presente.

<i>Samba</i> (1925), de Di Cavalcanti. Óleo sobre tela, 177 X 154 cm.
Samba (1925), de Di Cavalcanti. Óleo sobre tela, 177 X 154 cm.

Roberto Kaz
Roberto Kaz

É jornalista e redator do Piauí Herald. É autor do Livro dos Bichos, pela Companhia das Letras

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