
Fingindo a própria morte: a tradicional relutância em admitir que o mundo animal entende a morte faz parte do nosso velho apego, cada vez mais insustentável, ao excepcionalismo humano CRÉDITO: ARI HISAE_2025
Os animais e a morte
Será que todo ser vivo compreende, de verdade, o que significa a finitude?
Kathryn Schulz | Edição 226, Julho 2025
Tradução de Isa Mara Lando
Segundo o capitão John Smith, o explorador inglês do século XVII que conhecia tudo sobre a Virgínia, o gambá-da-virgínia “tem a cabeça como a de um porco, o rabo como o de um rato, e é do porte de um gato”. Se Smith tivesse olhado mais de perto, teria descoberto que o animalzinho também tem polegares opositores, cinquenta dentes (mais que qualquer outro mamífero terrestre, à exceção do igualmente bizarro tatu-canastra) e, se for fêmea, treze mamilos, dispostos como em um mostrador de relógio, com doze em círculo e um no centro. Os mamilos ficam ocultos em uma bolsa na barriga, pois o gambá-da-virgínia é um marsupial, o único nativo da América do Norte.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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