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    CRÉDITO: ALLAN SIEBER_2024

questões vultosas

Os incendiários

O jogo entre a Faria Lima e o governo

Ana Clara Costa | Edição 220, Janeiro 2025

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Quando o Banco Central aumentou a taxa de juros e sinalizou que novos aumentos estão a caminho, aconteceu o contrário do que se esperava. Com um sinal tão forte sobre o rigor da política monetária, o normal seria que a alta dos juros aplacasse a volatilidade do câmbio e derrubasse o dólar, que vinha subindo dia após dia, desde o anúncio do pacote fiscal do governo. Mas, nesses tempos que correm, com Lula na Presidência da República e Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, o mercado criou um novo normal.

Um exemplo. Ao acompanhar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o mercado vigiava os movimentos de Gabriel Galípolo, o nome escolhido por Lula para suceder a Roberto Campos Neto no comando do BC. Se Galípolo votasse contra o aumento dos juros, nessa que foi sua última reunião antes de assumir a presidência do BC, seria um sinal de que estava orientado pelos interesses políticos do governo, e não pelas exigências da política monetária. O mercado queria ter certeza de que ele não romperia o período de silêncio de sete dias que antecede a reunião. Aos olhos da Faria Lima, seria um escândalo sem precedentes se o economista se encontrasse com Lula ou Haddad nesse intervalo. Como a decisão foi unânime, Galípolo deu provas de sua independência técnica, mas isso não resolveu nada.

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