Abraham tentou várias vezes entrar clandestino nos Estados Unidos; numa delas, o navio em que embarcou no Caribe o deixou na Argentina FOTO: MARCOS ADANDIA_2007_CORTESIA DE ROLLING STONE
Passageiro clandestino
A vida breve e fantástica de Marcos Abraham
Josefina Licitra | Edição 90, Março 2014
Conheci Marcos Abraham Villavicencio em 2006. Ele frequentou as manchetes dos jornais argentinos por ter embarcado clandestinamente num navio e resistido por duas semanas sem comer nem beber água. O jovem pretendia chegar aos Estados Unidos, que fica a poucos dias de viagem de sua cidade, na República Dominicana; calculou mal, porém, e acabou no porto de Ensenada, uma pequena e insignificante localidade na província de Buenos Aires.
No dia em que desembarcou, Abraham foi internado num hospital com sintomas de desnutrição. Foi lá que o vi pela primeira vez. Esquálido, de cabeça achatada e um par de olheiras profundas, trazia uma cânula de soro pendurada no braço direito. Enquanto conversávamos, não parava de entrar e sair gente: a epopeia que vivera rendia notícia.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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