Poemas
E. E. Cummings | Edição 16, Janeiro 2008
amor é mais mais denso do que olvido
mais mais fino do que recordo
mais raro que uma onda tonta
mais freqüente do que a míngua
é o mais mais louco e lunar
e menos não será ser
do que tanto mar que só
é maior do que o mar
amor é menos sempre que vencer
menos nunca do que viver
menos maior que o menor grão
menos mínimo que perdão
é o mais mais são e solar
e mais não será não ser
do que tanto céu que só
é maior do que o céu
II.
quincas abomina
todas as meninas(as
tímidas zinhas,as atrevidas
zinhas;as meigas
ciosas melosas formosas)
todas elas excetuando as
frígidas
pedro despreza todas
as meninas(as
sabidas zinhas,as burras
zinhas;as gostosas
fofas magrelas fininhas)
todas elas excetuando
as chatas
nando ama todas as
meninas(as
tortas zinhas,as mancas
zinhas;as loucas
retardadas lesadas)
todas elas
excetuando as mortas
miro admira todas as meninas
(as
gorduchas zinhas,as secas
zinhas;as largadonas
doces porcas limpas)
todas
elas excetuando as novinhas
III.
numa forma verdadeiramente
em curva
minha alma
adentra
pressente toda a
miudeza dissolvida
pela obscena suposição
da fabulosa imensidade
o céu gritou
o sol morreu)
o navio paira
sobre mares de ferro
respirando altura comendo
precipícios o
navio transpõe
murmurantes montanhas de prata
que
somem(e
só
era noite
e por só esta noite uma
forma prodigiosa se move
tripulada e pilotada
por espírito que o meu é
IV.
esta pessoinha de
olhos escan-
caradíssimos(qua
-se a ex-
plodir de tanta
in
-exprimív-
el
inu
-merabilid-
ade de si
mesmos)não pode
e
-ntende-
r meu ú
-nico-
e mesmo eu
V.
morrer é lindo)mas a Morte
?oh
benzinho
não
me faria bem
a Morte se a Morte
fosse
boa:pois
quando(em lugar de parar para pensar)você
começar a sentí-la,o
miraculoso por quê
de morrer?por-
que morrer é
perfeitamente natural;perfeitamente
suavizando os
termos vivo(mas
a Morte
é rigorosamente
científica
& artificial &
má & oficial)
agradecemos a ti
deus
todo-poderoso por morrer
(perdoai-nos,oh vida!o pecado da Morte
VI.
um político é um bundão sobre
o qual se sentou tudo exceto um homem
VII.
meu velho e doce etcetera
tia lucy na última
guerra podia e chegou
mesmo a te contar de que
todo mundo lutava em
prol,
minha irmã
isabel deu cria a centenas
(e
centenas)de meias sem
falar camisetas orelheiras à prova de pulgas
etcetera munhequeiras etcetera,minha
mãe esperava que
eu morresse etcetera
como um herói é claro meu pai ficava
rouco de repetir que imenso privilégio
era e se só dependesse
dele nesse ínterim a mim
mesmo etcetera estendia na paz
da lama em que afundo et
cetera
(sonhando,
et
cetera,com
Teu sorriso
olhos joelhos e com tua Etcetera)
VIII.
eu quero meu corpo quando é teu meu
corpo. É tanto tão moço que coisa.
Os músculos bem mais, os nervos demais.
eu quero teu corpo. quero-porque-quero,
quero os teus como-o-que. quero roçar a espinha
de teu corpo e os ossos, e o receio
sempre-suave-mente e aí eu
irei e irei e irei
abraçar, quero beijar aqui lá, você,
quero, afagar lento pulsar, cintilante pelo
de tua pele radiante, o-que-é-isso a vir-me
carne a carne . . . . Pupilas grandes de amor-migalhas,
e possivelmente quero o tremor
de sob mim você tanto tão moça