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    ILUSTRAÇÃO: STEPHAN BALLEUX

poesia e tradução

Posfácio: a morte do tradutor

Um poeta e um tradutor entram num bar. Me dá uma cerveja, diz o poeta. Acho bom você dar uma cerveja a ele, diz o tradutor

George Szirtes | Edição 89, Fevereiro 2014

A+ A- A

1.

O tradutor esbarra em si próprio saindo do quarto da amante. Fidelidade, pois sim, ele pensa.

2.

 

Je est un autre, disse o tradutor. Experimente a porta ao lado.

3.

O tradutor estava olhando para o fundo de sua própria garganta. Saia daí, saia daí, seja lá onde você estiver!, implorava.

 

O guarda-roupa do tradutor estava cheio de camisas alheias. Pelo menos elas davam nele.

O tradutor estava parado em frente à janela, fingindo que era transparente.

Mas se tudo é potencialmente tudo o mais, queixou-se o tradutor, o que é que eu estou fazendo aqui?

 

O tradutor estava contando os ovos que ainda nem tinham saído de dentro da galinha, e já estava se enrolando na contagem.

4.

O tradutor entra em Babel e se instala dentro de um armário.

Duas línguas no mesmo andar de Babel. – Eu cheguei primeiro. – Não estou falando com você. – Baixe o volume da música. – Isso aí é música?

Mas e os jardins de Babel? Quem é que fala neles? Quem os plantou? Quem cuidava deles?, exclamava o tradutor bêbado, com voz pastosa.

5.

O tradutor cego havia apurado o olfato a um grau extraordinário. Lia um livro tal como um cão lê um poste.

O tradutor cego percorria o livro às apalpadelas, derrubando frases inteiras. Depois teria que reconstruir tudo pelo tato.

6.

Um poeta e um tradutor entram num bar. Me dá uma cerveja, diz o poeta. Acho bom você dar uma cerveja a ele, diz o tradutor.

O tradutor estava admirando seus poetas mortos. Não que eu esteja vivo, ele comentou, mas pelo menos eu me mexo sem parar.

Vários pulmões, várias respirações, várias dentaduras, vários lábios: somos vários, diz o tradutor. Somos vários, ecoa o poeta.

7.

As Lamentações do Tradutor, meditou o tradutor. Elegia? Nênia? Intérprete? Olhe, vamos pôr O Aniversário da Girafa.

O tradutor estava seguindo o rastro do urso, mas o tempo todo se perguntava por que o urso estava usando os sapatos dele. Os ursos são ladrões, murmurou.

8.

Dois tradutores se encontram, examinam seus dentes. Esses dentes são de quem?, perguntam.

Entrar numa sala cheia de tradutores é como entrar num ossuário de santos, sendo que todos eles são santa Teresa, disse o médico.

Enfileiraram os tradutores e os fuzilaram. Qual deles era o poeta?, perguntou o soldado. O quarto da fila. Talvez o quinto. Tanto faz.

O tradutor estava morto, mas enterraram outra pessoa. Então trouxeram outra pessoa.

A artrite estava matando o tradutor. Os mortos estavam espalhados pela sala, como uma composição feita com os ossos reluzentes dele.

9.

Somos legião, diz o demônio. Somos a legião estrangeira, responde o tradutor.

10.

Que Pentecostes, nem meio Pentecostes, disse o tradutor, dando de ombros. Me arranjem uma tradução literal.

─

Tradução: Paulo Henriques Britto 

George Szirtes

George Szirtes, poeta e tradutor húngaro radicado na Inglaterra, é autor de Bad Machine (2013), da Sheep Meadow.

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