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Psicose bossa nova

É como manchar um Van Gogh, sem o peso na consciência

Rafael Urban | Edição 40, Janeiro 2010

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Cleópatra, de 1979, é o primeiro trabalho de destaque do cineasta paulista Marcos Bertoni. O público que lotava o Theatro São Pedro na estreia, em agosto daquele ano, veio abaixo quando Bertoni, fazendo as vezes de Marco Antonio, beijou a protagonista com ajuda de trucagem. Enquanto o filme original produzido pela Fox, com Elizabeth Taylor no papel-título, tinha milhares de figurantes, o de Bertoni contava apenas com ele, umas fotos do Egito retiradas de enciclopédia, cenas de filmes de guerra e alguns crocodilos filmados no zoológico municipal de São Paulo. O trabalho – que ele considera longa-metragem apesar de seus dezoito minutos – é uma superprodução para seus padrões.

Marcos Bertoni tem 54 anos e 26 curtas-metragens no currículo, todos em super-8 – suporte que antecedeu o VHS. Os filmes, que começaram a ser produzidos em 1974, têm em média quinze minutos e mesclam cenas gravadas por ele com clássicos do cinema, como Branca de Neve e os Sete Anões e Psicose. Para dar coerência entre as diferentes cenas, Bertoni se encarrega ele mesmo de fazer a dublagem – inclusive de vozes femininas, que grava em dezoito quadros e projeta em 24, para afinar o timbre. “É a minha mesa de som”, brinca.

Tanto conhecimento na arte da trucagem fez com que Bertoni fundasse, oito anos atrás, um movimento cinematográfico seguido por ele e ninguém mais: o Dogma 2002. Baseado no movimento homônimo dinamarquês – que prega por filmes mais simples e artesanais –, Bertoni resolveu acrescentar dois mandamentos radicais: é proibido filmar; é permitido apenas montar e dublar em super-8. Fez sete curtas nesses moldes. A edição costuma ser caótica, com The End no meio, pontas de começo logo depois e sequências de diversas origens, quando possível mantendo o áudio original. Pela qualidade da interpretação, filmes B, registros caseiros e pornôs são sua predileção.

 

Bertoni divide um galpão com outros cinco artistas, no bairro do Butantã, em São Paulo. No andar de cima, estão seus treze projetores de super-8 (apenas cinco funcionam) e o quadro branco que usa para a projeção. Formado em arquitetura, ele ganha a vida fazendo modelagem para publicidade e tevê. Moldou o passarinho da cueca Zorba, o ratinho da Folha de S.Paulo, os Dedinhos do Castelo Rá-Tim-Bum. Nas horas vagas, se dedica à produção cinematográfica.

O movimento foi fundado quando Bertoni estava desempregado, em 2002. Sem ter o que fazer, decidiu rever sobras não utilizadas de curtas-metragens antigos. Com um microfone de plástico, começou a dublá-los e misturá-los com trechos de outros filmes que tinha consigo. A ideia lhe pareceu genial: a edição anárquica faria, para o cinema, o que a bossa nova havia feito para a música. (Faltou apenas uma dupla Jobim-Gilberto para dar conta do recado.)

 

No Fundo do Poço, de 2005, um dos destaques da safra, apresentava Herman e Lily Drácula Monstro, do seriado de televisão Os Monstros, que, logo no início, diziam: “Sabe querida, esse movimento Dogma 2002, eles não podem filmar nada, nada mesmo”; “Não querido, não fique muito animado. Este é um documentário não autorizado, entende?”; “Um documentário? Será que isso não vai dar sono?”. Bertoni fez a voz de ambos.

 

Em O 24 horas, de 2004, o quinto da série Dogma, uma detetive (Janet Leigh, em uma participação não autorizada e surrupiada do filme Psicose, de Alfred Hitchcock) está atrás do vilão, o Mosquito 24 horas. Quando chega ao banheiro do motel em busca de pistas, é assassinada. A cena no chuveiro é a clássica, porém não mostra a faca: escuta-se apenas um zumbido, seguido de um trecho de Branca de Neve no qual um inseto se ensaboa. Bertoni diz que reeditar a sequência mais famosa de Hitchcock é como “jogar tinta sobre um Van Gogh, mas sem o peso na consciência”.

Quando a coisa complica e o ideal de cinema solitário fica difícil de ser levado à risca, o curta-metragista convoca os amigos para colaborarem na dublagem. “Tenho orgulho da cena em que faço a voz da Ava Gardner”, comenta Marília Paiva, 52, companheira de longa data do diretor e participante de diversos filmes.

Seu personagem em No Fundo do Poço, a biografia não autorizada de Edir Macedo, é uma mulher disposta a se libertar dos bens materiais para viver a espiritualidade de Jesus Cristo, o que deixa o eterno caubói John Wayne transtornado, dizendo: “Mas não é isso que Jesus quer para a senhora. Não é possível, senhora.” O personagem de Wayne, pastor com sotaque carioca, pensa que é trote, não acredita que ela venderá seus carros importados.

 

Ainda que tenha sido exibido em diversos festivais dedicados ao super-8, o trabalho de Bertoni ficou restrito a um circuito muito pequeno. Nenhum dos curtas está disponível de maneira integral na internet. Há alguns meses, no entanto, ele quase caiu da cama quando descobriu que um site, o Complete Index to World Film, citava seu nome como se tivesse dirigido uma série de atores famosos, como Charlton Heston e George C. Scott. “Eu nunca dirigi esses caras. Podem me processar por  apropriação indevida de imagem, isso sim”, brinca. Acredita, no entanto, que a ação judicial jamais ocorrerá. “Essa é a vantagem do cinema solitário. Não tem ninguém para falar: ‘Que ideia boba, infantil.'”

Rafael Urban

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