CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024
Que venham as abelhas
Os tikmũ’ũns querem a volta de bichos e plantas às suas terras
Bernardo Esteves | Edição 214, Julho 2024
Os cantos tradicionais dos tikmũ’ũns, indígenas que vivem no Leste de Minas Gerais, guardam o registro de plantas e bichos que muitos deles jamais viram. Eles formam um inventário das frutas, árvores, peixes, aves e animais de todo tipo que um dia viveram com seus ancestrais. “É uma verdadeira enciclopédia da Mata Atlântica”, definiu a musicóloga Rosângela de Tugny, pesquisadora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) que há mais de duas décadas estuda os cantos tikmũ’ũns.
Tome-se o caso do Papa-mel: “Quero o mel da jataí hui hui/quero o mel da iraí hui hui/quero o mel da mombuca hui hui.” No total, os versos enfileiram o nome de 21 abelhas, mas os tikmũ’ũns contemporâneos não conhecem nem a metade. “Sobraram apenas duas espécies de abelhas nas terras deles”, disse Tugny.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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