ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2016
Resgate solitário
Um lar para cães abandonados
Consuelo Dieguez | Edição 114, Março 2016
O velho Fusca cor de laranja corta a estradinha de terra que serpenteia os morros cobertos de verde no município de Cordeiro, na zona rural fluminense. O banco de trás do carro está tomado por um galão de quase 100 litros de água fresca, um saco de 15 quilos de ração, uma maleta recheada de remédios, seringas e vacinas, além de mantas, tigelas e desinfetante – material que chega até o teto do veículo e tampa a visão do vidro traseiro. Na direção, o engenheiro Sérgio Monnerat desvia com destreza dos buracos que tomam conta do caminho íngreme e empoeirado.
Já no alto da colina, ele avista seu destino, um sítio semiabandonado. E abre um sorriso assim que inicia a descida com as mãos agarradas firmemente ao volante, que vibra com o impacto do carro nos sulcos abertos no caminho. “Lá vêm eles”, avisa. “Já ouviram o barulho do motor.” Logo, uma alegre e barulhenta matilha se embola na frente da porteira do sítio, a sua espera.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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