CRÉDITO: ALLAN SIEBER_2023
Retrato falado
O documentário Vale o escrito e uma realidade atroz
Fernando de Barros e Silva | Edição 207, Dezembro 2023
Adriano, o que você mais gostava de fazer como polícia? E ele: torturar. Isso é chocante. O.k., traficante. Mas é pessoa, tem mãe, tem filho. Prende, cara! Aí é o que eu cobrei depois dele. Você vai torturar? Você vai matar? Ele morreu torturado. E o que ele mais gostava de fazer? Torturar. Isso não foi ninguém que me falou, foi ele. Ele falava. Pegava dono do morro e ficava três dias com o dono do morro. Era o tesão dele como polícia.
Adriano é o miliciano Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020, no interior da Bahia, por uma força-tarefa que mobilizou mais de setenta policiais e contou com a participação da polícia do Rio de Janeiro. As palavras do parágrafo acima são de Julia Lotufo, mulher de 31 anos, viúva de Adriano, com quem viveu dos seus 19 aos seus 28 anos. Provavelmente ninguém o conhecia melhor.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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