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    CRÉDITO: ANDRÉS SANDOVAL_2024

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Sede de justiça

A pajé cearense que lutou por água para sua aldeia

Gabriela Lopes | Edição 220, Janeiro 2025

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Quando criança, Rosa Cariri de Lima ouvia da avó e da bisavó histórias sobre sua origem. Ela pertence ao povo Kariri, que dá nome à região onde vive no Sul do Ceará – o Cariri. “Desde que eu me entendia por gente, já fui sabendo que a gente tinha parte com índio”, conta. Aos 65 anos, Lima é a primeira mulher pajé da aldeia de Poço Dantas, na Chapada do Araripe, no Crato. “Tenho orgulho demais em ser kariri”, diz ela.

Esse orgulho foi uma conquista difícil. Filha mais velha de cinco irmãos, Lima passou a infância e a adolescência na zona rural do município do Crato. Dormia em uma cama feita de varas, ouvindo sua mãe, Maria Guilherme de Li­ma, cantarolar sucessos do rádio. O pai, Edilson Cariri da Silva, trabalhava nas plantações dos grandes proprietários rurais da região. Era pago com alimentos: farinha, arroz, rapadura, milho e fava. “Aí, com a gente morrendo de fome, mãe quebrava aquela rapadura e pegava farinha e fazia pirão doce e dava pra gente comer”, recorda a pajé. A caça e a pesca complementavam a subsistência da família. O rio que passava na região está entre as lembranças afetivas de Lima. Ela ri quando conta como “tomava carreira e dava um pinote” para pular na água.

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