cartas_impiedosas, inclementes e, às vezes, um tanto ranzinzas
| Edição 38, Novembro 2009
JOSÉ SERRA
piauí é produto da era Lula. Que país vocês querem? Um só para vocês, para o Serra e para os incondicionais (já que não conseguem fazer melhor) admiradores do Gramsci, por certo. Que campanhazinha de jornaleco pé de chinelo, indigna de inteligência. Letras maiores e foto pretensamente enobrecedora para o Serra. Birra e desdém infantil para o Lula. piauí, seu papel pólen está cheirando a mofo colonial. Parece o camembert dos queijos, mas falta queijo.
ALEXANDRE P. AGUIAR_VITÓRIA/ES
Lendo a exteeeensa reportagem sobre José Serra (“Serra na hora da decisão”, piauí_37, outubro), fiquei com uma sensação engraçada. A essência final foi que ele é um menino muito bom, sabido, tímido e, principalmente, muuuito incompreendido. Tive um susto. Puxa, se não fosse a piauí descortinar a imagem distorcida do Serra, nunca saberia do seu profundo humanismo e incansável preocupação com os pobres. Já sobre o Lula, trazido na matéria seguinte, a conclusão também foi simples: é um menino mau, muito mau.
ALESSANDRO POMBO DOS SANTOS_BRASÍLIA/DF
“Educação sentimental” de Dilma Rousseff seguida de nenhuma linha sobre Monica Serra? O “não-mestrado” de Dilma seguido daquele parágrafo mal explicado sobre a “não-graduação” de Serra? Digo mal explicado porque realmente não entendi! Foi incapacidade minha?
PAULA STERZI_SÃO PAULO/SP
Daniela Pinheiro deitou José Serra em um divã panorâmico. Ficou ótimo.
NELSON BOTTON_SÃO PAULO/SP
O que nas outras edições nos era dado em doses homeopáticas ficou escancarado: Aécio Neves bonzinho com as mães presas junto aos filhos (“Fraldas na prisão”, piauí_37, outubro) e José Serra pagando de bonitão para J.R. Duran ou de intelectualoide para Daniela Pinheiro. Nesse contexto, até o marxismo de Chico de Oliveira – incinerando o pt – contribui para exaltar uma espécie da fauna brasileira. Se Sarney comprou The piauí Herald, os tucanos compraram todo o restante da revista. Pelo visto, o pinguim é uma ave com os dias contados aí…
KÊNIA GAEDTKE_FLORIANÓPOLIS/SC
Meses atrás, a revista traçou um perfil sóbrio e bastante equilibrado de Dilma Rousseff, falando de suas realizações, mas destacando também seus deslizes, entre os quais o falso currículo. Quando se trata de José Serra, porém, o destaque vai quase unicamente para as gracinhas do governador. No longo perfil, ele é mostrado como um fofo algo incompreendido. Nenhuma palavra sobre suas pisadas na bola (como na área da educação ou a rixa com a organização da Sala São Paulo, para dar apenas dois exemplos).
SUSANA VIDAL_SÃO PAULO/SP
A reportagem “Serra na hora da decisão” dá a impressão de que o governador, depois de pretender publicar na Folha um artigo que não era inédito, enviou um outro, sem informar que este havia saído no jornal concorrente, O Estado. Na realidade, o primeiro texto era um discurso que ele havia pronunciado – e, de fato, declinamos de publicá-lo, já que a Folha prefere textos especialmente redigidos para o jornal. Quanto ao segundo artigo, o governador enviou apenas para que eu o lesse, tendo-me avisado de que já havia saído no outro diário.
OTAVIO FRIAS FILHO, diretor de redação da Folha de S. Paulo_SÃO PAULO/SP
The maranhão Herald
É cômico, se não fosse trágico. Infelizmente, um dos nossos mais respeitados jornais está sob censura e, o pior, o governo faz vista grossa de tal decisão. A imprensa nacional pouco abordou esse fato, que foi mais citado e repreendido com veemência em outros países. Obrigado, piauí, por satirizar mais esse Godfather da política nordestina.
GUILHERME DE PAULA PIRES_CURITIBA/PR
LUTA DE CLASSES
Acabei de ler a matéria “O avesso do avesso” (piauí_37, outubro) durante uma forte chuva, apimentada com raios e trovões. A sensação imediata pós-leitura foi uma mistura que até agora estou tentando decifrar: revolta e alívio. A primeira é autoexplicativa, diante do conteúdo da matéria. E a segunda também pode ser chamada de gratidão – a mim mesma, por não possuir uma arma e ter me livrado do risco de atirar na própria cabeça. Os fatos destroem qualquer esperança de mudanças reais em nosso país. Será que devo continuar otimista e acreditar que tudo não passou de uma calúnia d’O Estado de S. Paulo infiltrada na piauí?!
PATRÍCIA CAMPOS GUIMARÃES_ITAÚNA/MG
O artigo “O avesso do avesso” só confirma a minha tese de que vivemos em uma nação mesquinha, governada por parasitas que vivem entre o público e o privado. Um país que foi feito na vala, onde roubar dinheiro público é quase um prazer sexual. Quanto a Luiz Inácio Lula da Silva, podemos até afirmar que, “nunca antes na história deste país”, um presidente demonstrou tamanha ignorância em suas afirmações infundadas e politicamente incorretas, e faltou com a verdade de maneira tão calculada, para deixar os cidadãos iludidos e inermes.
JADIELSON ALEXANDRE DA SILVA_ARAPIRACA/AL
Expresso meus descontentamentos quanto ao artigo “O avesso do avesso”, sobre nosso presidente, de autoria do senhor Francisco de Oliveira. Confesso que fiquei surpreso ao saber ser o mesmo docente da USP, devido à falta clara de fundamentação de seu texto. Como pode o mesmo dizer que no Brasil recente não houve um processo de redistribuição de renda? Esse cidadão vem residindo no Brasil nos últimos sete anos? Estaria essa revista assumindo uma posição político-partidária? Porque, caso sim, gostaria, como leitor e assinante, de ser claramente informado sobre isso.
LUCIANO MORAIS MELO_DOURADOS/MS
NOTA DA REDACÃO: instados a sair do armário e informar claramente a nossa posição político-partidária, proclamamos sem medo: pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são!
O GÊNESIS
Acabei de receber meu exemplar e, surpreendentemente, encontro na seção de cartas três reclamações atacando a publicação da esperada obra de Robert Crumb (Cartas, piauí_36, setembro). Segundo os missivistas, a história desagradou por ser, a um só tempo, sexualmente ofensiva e religiosamente entediante. Mas não seria justamente essa ambiguidade que torna a história em quadrinhos incrível? Segundo o Gênesis, o paraíso era nababesco e hedonista, mas a expulsão condenou a humanidade a elogiar a frugalidade e o sofrimento. Reconhece-se a beleza da nudez para, em seguida, proibi-la; elogia-se a vitalidade do sexo para depois condená-lo. Crumb foi o paladino do niilismo sarcástico em obras como Fritz the Cat. Por isso deve estar muito feliz com a recepção de sua história, pois mesmo respeitando a literalidade do Gênesis é novamente acusado de demoníaco e chulo. Vida longa a Robert Crumb!
LUIZ AUGUSTO CAMPOS_RIO DE JANEIRO/RJ
Estou espantada com leitores que se escandalizaram com a capa do Gênesis. Houve um leitor que escondeu a revista da sogra!!!!! Como ele imagina que a mulher dele chegou por aqui?
HELENA CAVALLARI_SÃO PAULO/SP
ELIZABETH BISHOP
Fiz essa foto da boneca que Robert Lowell mandou de presente para Elizabeth Bishop e sobre a qual a poeta fala em detalhes na carta publicada na piauí_35, agosto, nas páginas 27 e 28. Ganhei a boneca da própria Elizabeth, em 1969. Fomos muito amigos. A Casa Mariana, em Ouro Preto, que lhe pertenceu, é hoje de nossa propriedade.
JOSÉ ALBERTO NEMER_BELO HORIZONTE/MG
CÁRCERE
A propósito da reportagem “Fraldas na prisão” (piauí_37, outubro), informo que no Rio de Janeiro também existe a Unidade Materno-Infantil, um anexo da unidade prisional Talavera Bruce, em Bangu. Esta unidade de referência nacional é destinada ao acolhimento de mães com suas respectivas crianças. Nela, cada presa custa ao estado 900 reais por mês, e abriga bebês de até 6 meses de idade. A unidade acredita que, se a convivência se estender por mais tempo, a separação se torna mais difícil.
INGRID DAVID ALVES DE CARVALHO_RIO DE JANEIRO/RJ
A DIFERENCIADA
A matéria sobre a Silmara (piauí_36, setembro) me lembrou muito Machado de Assis, que fazia seus personagens dizerem coisas tremendas com a candura própria da classe ociosa. Essa reportagem e as cartas de Elizabeth Bishop traçam algo raríssimo: uma espécie de etnografia de certa classe dirigente. Raro porque, de forma geral, as etnografias têm seu foco em classes mais, digamos, desfavorecidas, como habitantes de subúrbios, camponeses, índios, quilombolas etc.
HENRIQUE FINCO_FLORIANÓPOLIS/SC
Leitor da piauí há mais de um ano, eu a achava realmente “diferenciada”. Agora me pergunto o que leva uma revista desse porte a publicar uma matéria tão esdrúxula e sem qualquer importância? Por favor, deixem estes temas tão “interessantes” para a revista Caras. Cada macaco no seu galho.
EDSON ANTUNES_GUARATINGUETÁ/SP
PELOS & PENUGENS
Absolutamente tocantes as reportagens que acompanham o dia a dia de membros significativos de nossa elite. Sukarno e Marinete são verdadeiros exemplos de determinação, labor e desejo bem definido. A que trata de Marinete, Nete para os eleitos (“Trilha desmatada com mel”, piauí_37, outubro), é de grande valia para uma pequena abordagem de nossa elite, cuja exposição pública ou púbica é sem limites. Continuem a perpetrar tais deliciosas matérias sob essa visada pós-moderna do inolvidável “Meu Tipo Inesquecível” do Reader’s Digest, para nosso gáudio e aprendizado.
SEBASTIÃO MAURÍCIO DUARTE PESSOA_RIO DE JANEIRO/RJ
Em poucas palavras? Estou apaixonada pela escrita de Clara Becker e pela história de Nete.
ISA SOUSA_CUIABÁ/MT
INTÉRPRETES
Na entrevista à revista (“Fina sintonia”, piauí_36, setembro), não afirmei que um intérprete não precisa ser neutro, objetivo, invisível. Afirmei que ele não pode sê-lo, no sentido de não conseguir – por se tratar de um intermediário humano num processo de comunicação – e não no sentido de “ele não deve ser”.
YVES BERGOUGNOUX_RIO DE JANEIRO/RJ
TRAÇOS E RABISCOS
Concurso? Provocar gargalhadas na redação? Um pinguim de geladeira como prêmio? Para ter exclusividade de uma tira ou charge ou qualquer rabisco!? E o vencedor tem que ir buscar o prêmio? Vocês vão rir do palhaço que enviar algum trabalho, essa é a piada! Marmelada! Tem sim senhor!
FRAN FALSONI_LONDRINA/PR
NOTA DA REDAÇÃO: você acertou, Fran, tem marmelada. Tudo não passa de uma campanha para fazer do pinguim o mascote da Olimpíada de 2016. O prêmio verdadeiro – uma viagem a Petra, passando por Dubai – já tem dono. É o gênio da renascença política José Sarney, que rabiscou um afresco na cúpula do Senado com exclusividade vitalícia para piauí.
PIAUIENSES
Uma edição para ser esquecida (piauí_37, outubro 2009). Pautas fracas, textos ruins e assunto de capa completamente dispensável, desinteressante e previsível. Meus sinceros votos de melhoras.
NELSON BOND NETO_CURITIBA/PR
É lamentável o modo como a piauí continua lá em cima, confortavelmente instalada na sua frisa, com o seu binóculo na mão (para manter uma distância segura), levando para a sua plateia ensandecida as excentricidades dos multimilionários e viajantes do Primeiro Mundo e o modus vivendi de (Oh! Como é que eles fazem isso?) operadores de telemarketing, garis, salva-vidas, estudantes de periferia e depiladores. Saudações deste teleoperador, que ainda há de telefonar para o editor-chefe desta revista lá pelas sete da matina.
GABRIEL GONZAGA_GUARULHOS/SP
Meu Deus, como os leitores andam mal-humorados! Reclamaram de tudo da edição de setembro! E podem ter certeza que reclamarão muito também desta de outubro.
FELIPE GODÓI ROSÁRIO_SÃO PAULO/SP
Lendo a seção de cartas, venho reparando que mesmo o público “diferenciado” da revista parece não conseguir interpretar, de fato, um texto. Entendem-no por apenas um viés, que tende a ser superficial, quando, nesse tipo de jornalismo, a riqueza e importância encontram-se muito mais nos detalhes da narrativa, na perspectiva subjetiva dos fatos, e menos talvez no tema abordado. Ou esse público está menosprezando a capacidade de vossos repórteres. Ou eu posso estar tendo delírios cognitivos durante minhas leituras.
PAFÚNCIA SANTA-CRUZ_PORTO ALEGRE/RS
Deu saudades do Chantecler – achei a comunidade dele no Orkut. Por que não voltam a publicar o horóscopo?
SAMARA SILVA_PORTO SEGURO/BA
NOTA DA REDAÇÃO: Chantecler anda ocupadíssimo com a boquinha que descolou: foi contratado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para prever o que vai acontecer em 2016.