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    Manir e a lei da gravidade: entre as panaceias contra os sintomas da Covid longa, constam infusões intravenosas de vitaminas e terapias como “limpeza do sangue”, oferecidas em clínicas na Suíça, no Chipre e na Alemanha. O cansaço encabeça a lista dos perrengues mais sentidos CRÉDITO: EGBERTO NOGUEIRA_ÍMÃ FOTO GALERIA_2024

questões pandêmicas

Sob o peso do mundo

A imensa fadiga que a Covid longa me causou

Mônica Manir | Edição 209, Fevereiro 2024

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Começou em janeiro de 2021, com uma dor nas panturrilhas. Dor, não. Ardor. Era como se as batatas das pernas estivessem pinicando e, ao mesmo tempo, ficando tremendamente pesadas. Eu massageava a região, alongava, botava os pés para cima, mas o incômodo persistia. Recorri à telemedicina. A médica anotou minha queixa e, quando lhe mostrei as panturrilhas pela câmera do celular, verificou que não estavam avermelhadas, brilhantes, nem inchadas. Mesmo assim, me recomendou fazer um ultrassom com Doppler urgentemente. “Talvez seja trombose”, cogitou. Trombose nas duas pernas? O Google dizia ser possível, porque tudo é possível no Google – e tudo também parecia possível durante a pandemia. Toquei para o laboratório. Seria mais um exame entre os incontáveis que eu já havia realizado desde que a Covid-19 abduzira meu corpo, dois meses antes.

Falo da segunda onda, quando a variante Gama foi a que mais contaminou no Brasil. O laboratório em São Paulo estava cheio, muita gente com máscara de pano misturada a alguns poucos com N95. Os exames de imagem aconteciam no primeiro andar. Só que o laboratório não dispunha de elevador. Mesmo se tivesse algum, não seria prudente pegá-lo, porque os elevadores haviam se tornado antros de contaminação. Restou-me a escada. Sete míseros degraus que, em outros tempos, eu galgaria tranquilamente. Mas a Mônica pós-Covid não era a Mônica pré-­Covid. Cheguei ao primeiro andar como se tivesse escalado o Everest.

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Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz

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