Soninha: “Ninguém, por quarenta anos, estranhou uma mulher preta, com dentes faltando, comunicando-se por gemidos e indocumentada, numa família abastada”, diz a advogada Juliana Stamm CRÉDITO: VITO QUINTANS_2024
Sorriso: uma biografia
Como uma mulher risonha e sem palavras virou um fato social total
Angélica Santa Cruz | Edição 215, Agosto 2024
Em 1992, a psicóloga social Maria Leonor Cunha Gayotto publicou um livro chamado Creches: desafios e contradições da criação coletiva da criança pequena. É uma obra política. Ao longo de 134 páginas, onze artigos assinados por ela relatam, em linhas gerais, os desafios encontrados por educadores na formação de crianças cidadãs. Na primeira frase da introdução, ela escreveu: “Numa sociedade democrática, a educação é direito de todos, da própria cidadania, e por isso assegurada pelo Estado.” Nos comentários finais, observou que “uma creche deve identificar-se com uma proposta de educação libertadora da criança”.
O prefácio do livro é assinado por Paulo Freire. O autor do clássico Pedagogia do oprimido era uma das referências intelectuais da psicóloga, que fundou o hoje extinto Instituto Pichon-Rivière de São Paulo, uma escola particular na área da psicologia social, e foi professora associada da PUC-SP. Contemporâneos da faculdade lembram-se dela como uma mulher com pequenos olhos azuis, nariz arrebitado e quase sempre usando um corte de cabelo muito curto. Os amigos mais próximos a chamam de “Lolô”.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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