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    ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL_2009

esquina

Turismo sonoro

Por que ouvir A Voz do Brasil quando se tem La Voz de Rusia?

Henrique Araújo | Edição 32, Maio 2009

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Passa das três da manhã quando o Palio verde do aposentado Dirney Martins, de 59 anos, chega ao Parque Ecológico do Cocó, área verde de Fortaleza. Além da viatura que faz a ronda nas redondezas, não há ninguém por perto – cenário perfeito para pôr em prática o seu plano. Martins desce do carro e procura, a pé, uma clareira. Quando a encontra, saca da mochila um rádio à pilha Sony, um rolo de fio e uma antena, que prende à copa de uma árvore. Enquanto a capital cearense cochila, Martins apura os ouvidos.

Martins é um “dexista”, nome dado ao especialista em caçar rádios internacionais. O termo vem do inglês Distance X, algo como “distância desconhecida”. De acordo com a Associação DX do Brasil (sim, há uma), a atividade é praticada por cerca de 900 pessoas. A quem se interessar em ser o dexista 901, Martins avisa que o equipamento necessário para capturar ondas alheias pode chegar a mil reais. Se o freguês preferir marca nacional, ele recomenda o rádio Motobras. Importado, fica com o seu Sony mesmo.

Um dexista que se preze é antes de tudo um discreto. Sua atividade se restringe à escuta, muito diferente do radioamador – esse barulhento –, que muitas vezes polui as ondas sonoras com músicas péssimas e locuções de amargar. Calejado por décadas de prática, Martins ensina que a atividade tem que ser exercida à beira-mar ou em campos abertos: “Em casa, com torre de telefonia, computador e poste por perto, o rádio só pega emissoras próximas.” Não fica bem dexista ouvindo a CBN. Quando Martins é visto numa praia, não se pense que ele está ali para se bronzear. Melhor do que pegar sol é pegar locutor do Vietnã.

 

Naquela madrugada de domingo, Martins estava eufórico. Em primeiro lugar, por uma razão técnica: chegara ao parque no momento exato da grey line – o fenômeno de propagação de ondas curtas que acontece antes do alvorecer e do pôr-do-sol. Um rádio de alta sensibilidade sintonizado na hora da grey line consegue captar até estação do Sudeste Asiático. Martins já ouviu programação do Irã, Coréia do Norte, Rússia e Arábia Saudita. A segunda razão para a felicidade era de ordem subjetiva: meses antes, ele sintonizara, ainda que por instantes, uma rádio da Papua Nova Guiné, arquipélago oceânico ao norte da Austrália. Usara o equipamento adequado, digitara os comandos certos, aplicara todos os filtros e apontara a antena na direção indicada pelo seu guia de bolso, o World Radio TV Handbook : The Directory of Global Broadcasting, de 2005. A rádio passou-lhe entre os dedos. “Foi por pouco. Ela simplesmente sumiu”, lamenta. Captá-la virou um ponto de honra, para não dizer uma obsessão.

 

A paixão de Martins pelas rádios distantes começou aos 12 anos, com o Philips valvulado do pai (“equipado com uma antena long wave“, lembra). Eram os idos de 1962, e o menino morava em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul. Tentando desesperadamente escapar da Voz do Brasil, topou com sua primeira presa: a rádio Belgrano, da Argentina. “Tocava tangos do Carlos Gardel. Me senti em Buenos Aires.” Nunca mais parou: “Num só dia faço uma turnê pelo mundo.”

Por mundo, entenda-se Croácia, Espanha, Indonésia, Portugal, Rússia, Argentina, Estados Unidos, França, Bélgica, Itália, Romênia – alguns dos países pelos quais seus ouvidos já passaram. Martins obedece a uma etiqueta rigorosa em suas transações diárias (e noturnas) com rádios espalhados pelo planeta. Toda nova estação sintonizada merece uma carta de apresentação, que ele envia à emissora – os endereços estão disponíveis no seu manual. A mensagem toma a forma de um relatório, no qual Martins se debruça sobre questões tais como intensidade da onda sonora, grau de interferência e pureza do som. Ao cabo, faz uma apreciação sobre o conjunto da obra. Seguem-se horário, dia, mês e ano em que captou o sinal. A resposta não costuma falhar. Geralmente chega em menos de sessenta dias – acompanhada, quase sempre, de um suvenir. Da Rádio Internacional da China, Martins já recebeu camiseta e chaveiro. Da Rádio França Internacional, um isqueiro. De uma rádio iraniana, um exemplar do Alcorão.

 

O aposentado é cauteloso quanto às opiniões que dispensa. Se lhe cai nos ouvidos uma rádio argentina ou norte-americana, não nega fogo: diz o que acha. Já com a China, mede cada palavra. Não se trata apenas da cautela natural que se deve ter com países autoritários – mesmo aqueles que ficam do outro lado do globo. “Na época dos Jogos Olímpicos, escrevi para a rádio elogiando a cobertura”, diz. A razão? “Queria ganhar um brinde…” Pouco tempo depois, chegariam os dois mimos. A rádio costuma lhe enviar por correio um boletim de suas atividades – em português, um dos 38 idiomas que emprega para propagar suas idéias pelo mundo. A programação em língua espanhola de La Voz de Rusia – “É uma das rádios que tenho o hábito de ouvir com mais frequência” – é comentada com redobrada precaução. Putin é Putin.

Cuba merece apenas meias-palavras. Embora o tom das suas cartas à Rádio Habana Cuba tenha sido sempre amistoso – “Não gosto de me meter nos assuntos da ilha” –, Martins nunca recebeu uma resposta à altura. De lá, até hoje, apenas um postal protocolar – sem charutos. Talvez, por isso, ele tenha resolvido explorar geografias mais recônditas. Imagine-se o brinde que receberá no dia em que, finalmente, conseguir fisgar sua baleia branca – a misteriosa e elusiva Papua Nova Guiné, que, naquela noite, também escapou.

Henrique Araújo

Henrique Araújo é jornalista em Fortaleza e mestrando em Literatura pela Universidade Federal do Ceará

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