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    Allan Weber com o cordão de ouro criado por ele: “Nunca imaginei que minha realidade pudesse estar dentro de galeria. Eu só via outras paradas, tudo branco, com paleta minimalista” CRÉDITO: MATIAS MAXX_2022

questões estéticas

Um artista concreto

Allan Weber leva a realidade e o imaginário da favela para o mainstream das artes plásticas

Matias Maxx | Edição 197, Fevereiro 2023

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O motorista embica numa saída da Avenida Brasil que dá acesso à comunidade Cinco Bocas, em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio de Janeiro. De um lado da rua, o muro de uma transportadora; de outro, um canal desses que na cidade são chamados de “valão”. Poucos metros depois, aparece a primeira barricada, uma grande caçamba de lixo, no meio da rua de mão dupla. Moradores se aproximam e aconselham ao motorista que ele acenda a luz interna do carro e ligue o pisca-alerta, apesar de ser dia. O carro contorna a caçamba com cuidado para chegar à entrada da favela, que fica, como outras da Zona Norte, em uma área plana, e não em um morro. Seguindo por uma rua larga, com comércios e residências, calçadas estreitas e desniveladas, chega-se então à casa onde o artista visual Allan Weber mora com os pais, o irmão e (semana sim, semana não) com o filho mais velho, Tom, de 2 anos.

É uma casa de três pisos construída pela própria família, e Weber está sentado na calçada em frente, com a perna direita engessada até o meio da coxa, devido a um acidente de moto que sofrera havia dois meses. O artista de 30 anos calçava um chinelo de alça larga, de modo que era impossível ver a tatuagem nos dorsos dos pés, com a palavra Fearless decomposta em Fear, em um pé, less, em outro. “Significa destemido em inglês”, explica. “Fiz na época em que andava de skate, pra dizer que eu andava sem medo, tá ligado?” Fearless é também o nome de um coletivo de skate do qual Weber fez parte.

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