ILUSTRAÇÃO: ANDRÉS SANDOVAL
Um artista fervoroso
Ex-carmelita expõe em Paris
Isabel Junqueira | Edição 112, Janeiro 2016
Rodrigo Castro de Jesus acordou desorientado. Havia se esquecido de que estava em Paris, num apartamento alugado perto da Place de la République, longe de casa. Passado o breve mal-estar, o artista plástico de 32 anos procurou seu smartphone e, com o aparelho em mãos, abriu o aplicativo Católico Orante. Não demorou mais do que dez minutos para rezar as laudes matutinas. Acostumado a realizar suas preces acompanhando os padres jesuítas no Pátio do Colégio, em São Paulo, ele lia os primeiros versos dos salmos no aparelho e terminava de recitá-los sem a ajuda do aplicativo, com os olhos fechados.
O ritual é repetido diariamente. Foi mantido mesmo depois que deixou a vida religiosa, há sete anos. Só assim, diz, é possível suportar o mundo tão secular. Rodrigo de Jesus passou nove anos de sua vida em reclusão, como frei carmelita. Filho de uma família pobre e religiosa – o pai é pedreiro; a mãe, costureira –, foi no claustro que ele se interessou por artes plásticas e deu os primeiros passos como pintor de ícones bizantinos – as imagens estilizadas e vibrantes surgidas no Império Romano do Oriente para retratar personagens sagrados da Igreja Católica.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
ASSINE