Um atlas de São Paulo
Tuca Vieira monta um mapa fotográfico da cidade
| Edição 112, Janeiro 2016
É de Tuca Vieira a fotografia mais representativa de São Paulo nos últimos tempos: um casario da favela de Paraisópolis ao lado de um edifício de alto padrão, com caprichosas piscinas nas varandas dos apartamentos, dando volteios em espiral. Dois mundos tão próximos e contrastantes, separados por um muro enorme. Símbolo cristalino da exclusão social e da urbanização aberrante do capitalismo periférico, essa foto ganhou o mundo, ainda que seu criador tenha permanecido razoavelmente incógnito.
É significativo que o autor dessa imagem-síntese se lance à investida de mapear essa mesma cidade, agora atrás de uma espécie de síntese às avessas, que se configura pelo acúmulo e pela comparação exaustiva, no limite impossível. Afinal, qual é a verdadeira cara de São Paulo? Quais os seus limites? Será possível conceber uma imagem dessa massa informe e tentacular que desafia, por sua escala e complexidade, qualquer esforço de cognição humana?
Essas são perguntas sem resposta, e que só podem ser levadas a sério por meio de duas posturas aparentemente opostas: a ficção, por um lado, ou o experimento científico, por outro. Partindo de regras e métodos muito claros, Tuca Vieira trilha o segundo caminho, mas o tempera com um importante halo de ficcionalidade, próprio de quem sabe não haver respostas exatas nem muito menos únicas. Resulta um esforço algo inglório para realizar um trabalho cujo sentido parece escapar ao bom senso.
[Guilherme Wisnik]
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