Quem seguir o caminho que corta Ilhéus de uma ponta à outra terá passado por 36 templos na mesma via. São casas pobres, sem pompa ou ornamento, cada qual lutando para sobreviver à crescente concorrência pela alma das gentes. O que se nota é o acúmulo de igrejas, às vezes duas ou três por quarteirão, numa conformação cada vez mais típica da paisagem urbana brasileira ILUSTRAÇÃO: CARLA CAFFÉ_2013
Via-sacra
Histórias de fé numa típica rua do Brasil
Paula Scarpin | Edição 82, Julho 2013
Uma longa via corta Ilhéus de norte a sul. Numa ponta, o fim da cidade e o início da estrada que leva aos destinos turísticos do norte, como Itacaré e Maraú; na ponta oposta, em direção ao sul, o centro comercial e o aeroporto. Trata-se essencialmente de uma mesma artéria de vários quilômetros e muitos nomes, que mudam conforme ajuntamentos pobres vão cedendo lugar a bairros mais prósperos. Nela, pode-se estar na avenida Proclamação (quase erma), rua da Linha (sobrados de laje sem acabamento), avenida Ubaitaba (pequena classe média), avenida Antônio Carlos Magalhães (grades, muros), rua Tiradentes (comércio popular).
Quem vier do norte, seguindo em direção à outra ponta, no sul, talvez veja, à direita de quem acaba de entrar na cidade, um sobrado azul-turquesa, não muito maior do que os da vizinhança. A fachada possui duas portas metálicas de rolo, como as de uma padaria. Da rua, é possível ver o alpendre no andar de cima, atravessado por um varal cheio de roupas coloridas. Na fachada, pintado à mão, lê-se “Igreja Pentecostal Assembleia de Deus”.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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