CRÉDITO: CAIO BORGES_2025
Visões de Régis Bonvicino
O poeta, que morreu aos 70 anos, foi um ativo militante cultural
Régis Bonvicino | Edição 227, Agosto 2025
Certa vez, ao falar sobre São Paulo, onde nasceu em 1955, o poeta Régis Bonvicino afirmou que a cidade lhe parecia uma “espécie de céu inacabado”. Não era no céu, porém, e sim no plano comum das esquinas, avenidas e edifícios que ele mapeava São Paulo em seus poemas. “Minha poesia não tem muita ficção, tem muita visão, é o que eu vejo”, ele me disse um dia, andando por uma rua da capital. O que Bonvicino via era não só a poderosa metrópole, em perseverante transformação e engrandecimento, mas uma cidade consumida pela especulação imobiliária, a ganância financeira, a miséria crescente nas ruas, a agressão policial.
Foi essa São Paulo, que devora de maneira infatigável o passado, regurgitando riqueza e jactância, assim como injustiça e desamparo, que lhe insuflou os primeiros livros de poemas, Bicho papel (1975) e Régis Hotel (1978), publicados às expensas do autor, ou melhor, de seu pai. No poema Sem título (7), de Régis Hotel, ele escreveu: são paulo/do teu passado tupi/só resta/o rápido som/da palavra aqui.
Reportagens apuradas com tempo largo e escritas com zelo para quem gosta de ler: piauí, dona do próprio nariz
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