Where’s Lula?
| Edição 101, Fevereiro 2015
CAPA
A extraordinária, rica, curiosa e muito bem elaborada capa da piauí_100 (janeiro) bem que merecia uma Chegada apresentando o seu making of, talvez até utilizando aqueles croquis de silhuetas numeradas que são usados nas fotos ministeriais ou de times de futebol antigos. Poderia parecer algo muito autorreferente, mas, caramba, 100 edições é um marco, coloquemos a vaidade para fora.
Eu tenho um monte de perguntas a fazer: tem simbolismo, à la Sgt. Pepper’s, ou é principalmente aleatório? Por que duas Dilmas? É Dilma 1 e Dilma 2? Quem aí é fã dos Bee Gees? Cadê o Eike, a Marina, o Aécio? O pessoal da Redação aparece na passeata? Nada do Homem-Aranha? E o melhor de tudo, nunca antes na história deste país: FHC, Obama e Fidel confraternizando, na linha de frente, e nem sinal do Lula. Estará ele disfarçado, ou se recusou a participar, por conta do disse me disse sobre o jantar na Itália?
Saudações, e que venham mais 100 edições!!!
WANDERLEY RODRIGUES_RIO DE JANEIRO/RJ
NOTA DA REDAÇÃO: É que o dinheiro tá curto, Wanderley (veja a carta do Rogério Augusto mais adiante). Como o capista cobra por figura começamos a repetir: duas Dilmas, três Bee Gees (argumentamos que eles são um coletivo e não podem ser cobrados separadamente), uns cinco black blocs etc. O Pateta é decalque, aplicamos depois. Idem para a galinha empoleirada no braço da duquesa de Devonshire (mulher fascinante, vá ao Google). Quanto a nós, sim, estamos espalhados pela multidão. Como não valemos nada o capista não cobrou.
Alguém já disse que apenas os melhores seres humanos são capazes de enxergar a si próprios com bom humor. A capa da piauí, num tom de autoironia e até provocação, mostra que os melhores veículos de imprensa também são capazes disso. Adorei “piauí é coxinha” e “Que não chegue a 101!”. Obrigado por fazerem sua parte na construção de uma sociedade menos “politicamente correta” e menos chata.
RODRIGO HOLANDA PIMENTEL_SÃO PAULO/SP
NOTA DA REDAÇÃO: O futuro é Rogério Augusto. Vá à carta dele, leia o parágrafo final e siga as instruções.
PIAUÍ 100
Bastavam os textos sobre Chico em Berlim (“O irmão brasileiro”) – como passa o espírito da Alemanha Oriental; e a busca por Kordula, que fronteira tênue, em um nome, entre os acasos da realidade e a obra de Chico; sobre Eduardo Giannetti (“O palestrante cético”) – longa vida à elite cultural residual brasileira; o texto de Joseph Mitchell (“O bar do McSorley”) – o gigante Mitchell, que o Brasil não alcança, ensurdecido pelos pancadões; e o de Bernardo Carvalho (“O óbvio ululante”) – resposta universal a muitas cartas de “leitores”. Mas tem ainda o poema “Centauro”, de Ana Martins Marques! Que belo antídoto contra a microcefalia nacional, que se alastra por meio dos vetores manos e popozudas que somente toleram “textos curtos”.
JOAQUIM A. MACHADO_CAMPINAS/SP
Ao terminar de ler o texto sensacional sobre o bar do McSorley, procurei na internet informações sobre esse estabelecimento. E, para minha satisfação, lá estavam as fotos que deram vida ao texto. As pinturas, os ossinhos da sorte pendurados (empoeirados) no lustre, canecas etc. É um belo texto e uma excelente tradução. Também excepcional foi a reportagem de Daniela Pinheiro (“O diletante e os dinossauros”). Fizeram jus a uma edição de aniversário.
ROBINSON ROSSI RAMOS_INDAIATUBA/SP
Não entendo por que algumas pessoas se preocupam tanto em querer transformar a piauí em outras revistas. Diminuir o tamanho, encurtar os textos, retirar as seções intelectualoides e pedantes, abolir os quadrinhos e as poesias. Só falta pedir pra mudar o nome da revista (que tal “oiapoque”?).
As esquinas da edição 100 da piauí foram uma ótima fonte de tópicos para conversas de almoço: parece que existem charutos de mil dólares a unidade (“Tabacaria”), que dinossauros tinham penas (“O dino está nu”) e que a classificação indicativa dos programas tem como ancestral a própria censura (“Classificação subjetiva”)! Sobre o perfil de Eduardo Giannetti (“O palestrante cético”), achei bastante interessante e cômodo dizer que não se pode dominar as paixões. Deve facilitar bastante o dia a dia e a convivência. E olha que interessante. No início da leitura eu perguntei para a revista: Quem veio primeiro, o ensaio sobre o livro de David Foster Wallace (“Eu e você segundo David Foster Wallace”, piauí_98, novembro de 2014) ou a propaganda nesta edição? Muito paciente, esperei pela resposta, que veio na última reportagem da edição 100 (“O diletante e os dinossauros”): “publicidade nativa”.
Agora um pedido: não se coloquem à venda, senão vocês poderão se transformar em outras revistas! E aí não vai ter jeito.
FERNANDO JORGE SANCHES_SÃO PAULO/SP
NOTA DA REDAÇÃO: Parafraseando o Mr. Jourdain, de Molière (já que somos intelectualoides), acabamos de descobrir que fazíamos publicidade nativa sem saber. E sem cobrar, o que é muito pior. De resto, Fernando Jorge, sempre estivemos à venda. O diabo é encontrar comprador.
Fiquei preocupadíssimo com a matéria sobre The New Republic. Seria uma metamatéria, avisando os leitores de possíveis problemas financeiros? A piauí deve ter uma tiragem reduzida, compatível com o baixo índice de inteligência e apego à leitura de Pindorama. Será que a mesada dos Moreira Salles tá escasseando? Preferiram voltar para o cinema? A Abril decidiu parar de distribuí-la? Seria a capa de dezembro parte do recado subliminar? Petralhas e coxinhas unidos invadiram a Redação armados e, antes de partir para a ignorância, deram um ultimato? Oh! Quanta angústia! Quantas dúvidas rondam minha cabeça.
Sou dos viciados em piauí e necessito de minha dose mensal de artigos longos. Como nós, leitores, podemos ajudar a manter a revista? Tudo bem se quiserem popularizá-la e aumentar a tiragem, desde que as tribunas livres sejam mantidas, os vultos da cultura e da economia resenhados, os anais do jornalismo preservados e, last but not least, mantido o impagável Diário da Dilma. Sugiro iniciativas imediatas. Ofereço-me para comprar pôsteres das capas de forma a encher uma ou mais paredes disponíveis em minha casa.
ROGÉRIO AUGUSTO PINTO DA SILVA_BELO HORIZONTE/MG
NOTA AGRADECIDA DO DEPARTAMENTO FINANCEIRO: Esse é o espírito, Rogério Augusto. Donde a pergunta: Por que cobrir só as paredes? Por que não o piso, o teto, o interior do fogão, o carro, o cachorro, a sogra? Confesso que fiquei bastante decepcionado com a edição 100 da piauí.
Esperava uma revista mais longa, mais recheada, com mais matérias. Pessoal, queremos mais páginas e letras bem mais miúdas.
STHEFANO VENGA_UBERLÂNDIA/MG
CHICOLATRIA
Quem quer que escape da assim chamada “chicolatria” terá sido talvez sensível a duas falas do autor de O Irmão Alemão recolhidas por Fernando de Barros e Silva (“O irmão brasileiro”, piauí_100, janeiro) que, se bem examinadas, são particularmente representativas do pequeno alcance da perspicácia do Chico escritor. Ambas as falas referem-se à busca encafifada de Chico por sinais do pai no corpo do meio-irmão tardiamente descoberto, e hoje falecido, em torno do qual gira sua derradeira ficção. Na primeira fala, são tecidas considerações sobre semelhanças gestuais entre o historiador e esse filho, surpreendidas em gravações de programas recuperados da televisão alemã, em que ele fez carreira de apresentador e, como o irmão brasileiro, de cantor. Chico reencontra Sergio na maneira como o irmão alemão leva o braço dobrado às costas e no sorriso meio forçado do showman, o mesmo que o autor de Raízes do Brasil costumava ostentar quando obrigado a ser social. Na segunda, reagindo à condição profissional do irmão, é lançada a seguinte reflexão jocosa: “Ele é o Faustão alemão.” Em sã consciência, quem de nós formularia uma hipótese assim cruel, no fundo, a respeito de si mesmo, sem estremecer? A tranquilidade com que Faustão é associado à linhagem de Sergio, em meio a alegres conversas pelos bares e restaurantes da noite berlinense, confirma a hipótese de que o que falta a Chico para ser o grande escritor que os leitores médios pensam que ele é… é a capacidade de sentir um negócio próprio das grandes literaturas chamado… dor.
LEDA TENÓRIO DA MOTTA_SÃO PAULO/SP
Centésima edição! Poderia ser mais uma efeméride para colecionar pinguins, mas piauí nos presenteia com o que melhor faz: a possibilidade de lê-la. E com deleite, mais uma vez, fiei-me à busca de Chico Buarque, retratada de forma testemunhal por Fernando de Barros e Silva. Um texto tão rico que nos leva a crer ser pura ficção a busca real pelo primogênito “tardio” da família Buarque de Holanda.
ADILSON ROBERTO GONÇALVES_CAMPINAS/SP
PALESTRANTE CÉTICO
Segundo matéria da piaui (“O palestrante cético”, piauí_100, janeiro), Giannetti da Fonseca teria explicado assim, na tevê, o fisicalismo: “A mente está para o cérebro como o apitar da panela de pressão está para seu mecanismo de funcionamento. A gente acha que a água ferve porque o apito tocou. Mas…” A gente quem? Alguém daquelas famílias ricas das quais é um tipo de tutor? Marina Silva? William Waack?
SÍRIO POSSENTI_CAMPINAS/SP
A prova de que discursos e atos não alteram conceitos preestabelecidos é o fato de o palestrante ser ouvido pela Rede Globo, Camargo Corrêa e afins.
JOSÉ ANÍBAL SILVA SANTOS_TEÓFILO OTONI/MG
ALCKMIN
Venho parabenizar a revista pela excelente reportagem sobre o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (“O paulista Ge-ral-do”, piauí_99, dezembro de 2014). Foi a primeira reportagem a trazer um perfil completo do governador paulista, do lado pessoal à vida política. A matéria poderia muito bem ser utilizada como parte da biografia do governador, tamanha a sua qualidade e amplitude. Assim, podemos conhecer melhor acerca do possível candidato ao Planalto em 2018. Espero que a piauí continue procurando se aperfeiçoar e trazendo o melhor do mundo da política em cada edição mensal.
RODOLPHO TAVARES_BARRA DOS COQUEIROS/SE
É de se lastimar que a jornalista Julia Duailibi tenha se detido em tantas amenidades e futricas acerca do governador de São Paulo e negligenciado em seu texto um escrutínio da nuance “profética” do mandatário. Recordemos que, um mês antes das manifestações de junho de 2013, o governador afirmara em um discurso que “se o povo descobrisse o que se passa contra ele próprio, faltaria guilhotina para cortar tantas cabeças”.
JOSÉ F. F. QUEIROZ_BRASÍLIA/DF
MATEMÁTICA E LITERATURA
A Despedida (“A voz das coisas”, piauí_99, dezembro de 2014) foi mais um texto imperdível de João Moreira Salles. Em seu estilo leve e preciso, o autor tece o percurso de um matemático de vida radical, Alexander Grothendieck, sem abrir mão da complexidade da vida afetiva desse homem sui generis. Ao lermos sobre suas descobertas matemáticas, nos defrontamos com o intervalo (infinito, todos o são) em que elas se inscrevem na história das ciências. O texto também o afirma como um pensador – “dele se disse que não tentou descrever o mundo, mas a harmonia do mundo” –, que morre depois de 23 anos de reclusão, aos 86 anos.
Na mesma edição, destaco o conto (“Policarpo Azêdo, 35”), do poeta Paulo Henriques Britto. Narrativa na qual, de um fato corriqueiro (uma sacola esquecida no metrô, mas…), o autor vai dando espaço a uma linguagem (simples novelo…), dela gestando o inusitado de sua ficção. Excelente o conto de Paulo Henriques. Aliás, como tudo o que ele escreve.
MARIA LÚCIA MARTINS_RIO DE JANEIRO/RJ
ESQUERDA
Na qualidade de assíduo leitor da piauí, tive a grata satisfação de degustar com os olhos e a alma a reflexão crítica de Ruy Fausto intitulada “A esquerda encapuçada” – As cegueiras do niilismo neomarxista de Paulo Arantes (piauí_99, dezembro de 2014). Ultimamente, quando me deparo com títulos referentes às esquerdas, passo adiante, por não mais aguentar tanta baboseira e perda de tempo.
ANTONIO KLEBER DOS SANTOS CECILIO_SÃO VICENTE DE MINAS/MG
MARGARITA
Em primeiro lugar, quero registrar que é muito boa a escrita dessa colombiana, Margarita García Robayo, na edição de novembro (“Leite”, piauí_98, novembro de 2014) e em uma outra (“Amar o pai”, piauí_87, dezembro de 2013). Compensou as chatices desse tal Nuno Ramos (ele é o dono da revista? Tem 51% das ações?).
Agora que terminou o ano, quero dizer também que a edição de março foi a melhor de 2014, tanto a capa quanto as matérias. As outras estão boas, mas não à altura daquela, compreendem? É só um elogio mesmo, não vou pedir nenhum pinguim, odeio pinguins, eu os vi num aquário aqui em Ubatuba. São nojentos. Perderia a fome da madrugada se tivesse um deles em minha geladeira.
PLINIO SOUZA_UBATUBA/SP
NOTA DA REDAÇÃO: Adivinhe o que o carteiro está prestes a entregar em certo endereço de Ubatuba?