A quarentena poupou a atmosfera do planeta de 1 bilhão de toneladas de gás carbônico desde o início do ano. O céu ficou mais limpo em vários países, aliviando, ao menos temporariamente, a escalada do aquecimento global. No Brasil, a indústria, os carros e os aviões reduziram suas emissões de carbono em 9,7 milhões de toneladas em março e abril. Apesar disso, o saldo total das emissões brasileiras está em alta. Por conta do avanço do desmatamento na Amazônia, o país caminha hoje na contramão do mundo: enquanto o planeta deve reduzir suas emissões de carbono em 6% até o fim do ano, o Brasil corre risco de aumentar as suas em até 20%, segundo uma estimativa feita pelo Observatório do Clima. Com apenas quatro dias de desmatamento, o Brasil compensa todo o gás carbônico que deixou de lançar na atmosfera durante a quarentena. O =igualdades dá dimensão desses números.
Em 2019, de janeiro a abril, foram lançados 11 bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Em 2020, no mesmo período, foram 10 bilhões de toneladas.
A cada 100 toneladas de dióxido de carbono que deixaram de ser emitidas este ano, 23 foram na China, 21 nos Estados Unidos, 12 na Europa, 9 na Índia, 5 na Rússia, 4 na América do Sul e Central e 26 em outros países.
A China deixou de emitir 246 milhões de toneladas de carbono desde o começo da pandemia. Isso é o dobro do que a Europa deixou de emitir (123 milhões de toneladas).
Desde o começo do ano, o Brasil deixou de emitir 9,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono da indústria, da energia e dos transportes. A Índia deixou de emitir dez vez isso: 98 milhões de toneladas.
O setor de aviação dos Estados Unidos deixou de emitir 27 milhões de toneladas de carbono em 2020. Isso é o triplo de todo o carbono que o Brasil deixou de emitir (9,7 milhões).
A cada 20 toneladas de carbono que emitia por mês em 2019, na indústria, no setor de energia e nos transportes, o Brasil passou a emitir 15 toneladas em março deste ano. Em abril, volume cresceu para 18 toneladas.
Desde o começo da pandemia, o Brasil deixou de lançar 9,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Isso corresponde ao volume de carbono que o desmatamento e as queimadas no país produziram a cada quatro dias, em 2018.
Estudo feito pelo Observatório do Clima aponta que as emissões de carbono causados pelo desmatamento podem aumentar até 51% este ano. Nesse cenário, a cada 10 toneladas de carbono emitidas em 2018 pelo desmatamento, 15 seriam emitidas até o fim de 2020.
A projeção do Observatório do Clima aponta que a emissão de carbono deve cair 6% no mundo por causa da pandemia; no Brasil, volume de carbono lançado na atmosfera pode subir até 20%.
Fontes: Estudo publicado por pesquisadores da Universidade de East Anglia; International Energy Agency (IEA); Observatório do Clima.
Editor do site da piauí
É designer e diretora do estúdio BuonoDisegno