Não vale a pena ver de novo
Cenas de um passado recente, quando era comum que mocinhos de novela agredissem mulheres para lavar sua honra
Em 2011, o Vídeo Show, finado programa da TV Globo que enaltecia as produções da casa, apresentou uma retrospectiva dos “cornos mais vingativos da telinha”. Era um apanhado de cenas de personagens que, após flagrar uma traição, agridem as parceiras, os amantes ou ambos. O tom é sempre descontraído, como se estivéssemos diante de uma obviedade que na mão do brasileiro vira comédia: se elas apanharam é porque fizeram por merecer.
“Não pode cornear marido, não, hein?”, intervém o apresentador André Marques a certa altura. Ana Furtado, sua dupla na atração, concorda: “Ah, traição não tá com nada.” O espectador assiste a trechos de novelas em que o adultério parece bastar para justificar empurrões, facadas e tapas de fazer rolar escada abaixo, enquanto uma voz em off dispara frases como “nada pior para uma mulher do que um marido com sede de vingança”.
Um dos destaques vai para o episódio de Vale Tudo em que Afonso (Cássio Gabus Mendes) pega Maria de Fátima (Glória Pires) e César (Carlos Alberto Riccelli) no pulo. A “dor de corno vem com força total” contra a dupla. Afonso chama a mulher de piranha, manda ela calar a boca e parte pra cima do cara. Enquanto isso, um comparsa empurra Maria de Fátima, que na descrição do Vídeo Show vira a “esposinha traíra” e a “saliência em capetice”. Em outro momento da novela, o marido ressentido estapeia o rosto dela.
Vale Tudo estreou em 1988, meses antes de o país ganhar sua nova Constituição e cinco anos após uma farmacêutica cearense ser vítima de duas tentativas de feminicídio. Seu marido, economista e professor universitário, primeiro simulou um assalto e lhe deu um tiro nas costas que a deixou paraplégica. Depois, enquanto ela se recuperava, tentou eletrocutá-la no banho. Maria da Penha sobreviveu.
Ela demorou dezenove anos para ver o agressor condenado. Em 2006, deu nome a uma pioneira lei para combater a violência contra a mulher. Mas isso a Globo do século XX não mostra, ao menos em boa parte de seu acervo novelístico, que oferta um vasto cardápio de personagens femininas esmurradas sem que tantas vezes isso fosse um problema em si.
Vale Tudo deve ganhar um remake em 2025, ano em que a Globo completa sessenta anos. Pela maior parte de sua existência, de carona num zeitgeist pouco sensível ao tema, a emissora foi no mínimo indulgente com a ideia de que bater numa mulher, em dadas circunstâncias, era não só perdoável como merecido. Caberá a Manuela Dias adaptar este clássico que mobilizou o país em torno do festejado assassinato da vilã Odete Roitman (Beatriz Segall no original, Debora Bloch no remake).
Mas como? A naturalização da truculência contra mulheres é só um exemplo dos desafios de transplantar para novos tempos um enredo com tantos pontos caducos sob a lente do presente. A trama escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères não foi a primeira nem a última a tratar sem maior abordagem crítica e, em alguns casos, até glamourizar sopapos no elenco feminino. Não era para menos: ibope elas davam.
Se bater na mocinha pegava mal, sentar a mão numa das meninas más da dramaturgia proporcionava uma espécie de regozijo nacional (e isso em uma época na qual um beijo entre pessoas do mesmo sexo era algo impensável). A Próxima Vítima, que a Globo exibiu em 1995, ilustra bem esse quadro. Claudia Ohana interpretou a Geni da vez. Primeiro Isabela é flagrada com véu e grinalda, no dia do casamento, dando uns amassos em Marcelo (José Wilker). O noivo Diego (Marcos Frota), após chamá-la de “mulherzinha vulgar” e “piranhazinha ordinária”, dá um tapão que a faz cair da escada. Num segundo momento, é Marcelo, agora na condição de titular, quem a esfaqueia, furioso ao encontrá-la com outro homem na mesa da cozinha.
Não é nada disso que você, com a cabeça de 2024, está pensando: se ações do tipo hoje não passam impunes na opinião pública, eram recebidas sem maiores questionamentos num passado não tão distante assim. “Impressionante como, na época, as pessoas todas na rua falavam, ‘isso mesmo, ela merece’. Elas tinham prazer em ver Isabela apanhando. O Brasil parou para ver essa cena”, rememora Ohana.
Do que ela não recorda: uma comoção nacional em torno da dupla tentativa de feminicídio contra a personagem. “Não lembro de ter repercussão negativa, de reclamarem. Talvez algumas feministas tenham alertado. Hoje em dia é uma cena a ser mostrada para apontar o que não se deve fazer com uma mulher”, diz a atriz, que conta ainda ter ficado injuriada e chorado após receber um tapa de verdade na filmagem com Marcos Frota.
“Na primeira cena realmente de espancamento, na escadaria, o Marcos Frota me deu um tapa na cara, e eu falei que não ia gravar. Foi o primeiro escândalo que eu já fiz em cena. Eu comecei a chorar e falei que eu não estava lá pra apanhar, que era um absurdo. E o estúdio parou, eu fui pro camarim, e aí o Jorge [Fernando] me esperou, pediu também uma dublê, porque eu não tava lá pra apanhar, eu não queria apanhar.”
Procurado pela piauí por WhatsApp para falar sobre o tapa, Frota disse que Ohana é “uma grande atriz” e “uma companheira de trabalho maravilhosa”, com quem contracenou sob direção de Jorge Fernando “exigindo técnica e muita atenção.” Ressaltou que “violência é desprezível em qualquer situação”. “Não esquece do meu beijo para a Claudia. Tenho muito carinho, respeito e admiração por ela”, escreveu.
De fato, algumas poucas vozes se levantaram contra o display de violência. Uma delas veio do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, ligado ao Ministério da Justiça. Declarou então a presidente da entidade, Rosiska Darcy de Oliveira: “Os meios de comunicação têm o dever de lutar contra todo tipo de violência. A Próxima Vítima fez o oposto. Estimulou um comportamento bastante arraigado na cultura brasileira: o de que o macho só limpa sua honra com sangue.”
Claudia Ohana não viu problema em gravar aquele conteúdo. O espírito dos tempos era aquele. Ela repara que não era como se Isabela tivesse matado alguém ou coisa que o valha. Seu pecado, “enfim, era ser caloteira, mentirosa, traidora”. Então tudo bem apanhar.
Sandrinha, papel de Adriana Esteves em Torre de Babel (1998-99), forjou um affair para provocar ciúmes no marido, Alexandre (Marcos Palmeira). O plano dá errado quando ele acha que a viu beijando outro homem e parte para cima dos dois. A agressão contra ela acontece na frente dos convidados de uma festa, sem que ninguém fizesse mais do que olhar mortificado para a surra de Alexandre na mulher. Amigos chegam a alertar para que ninguém metesse a colher, porque o que se passava ali era uma “briga de família”.
A brutalidade, dessa vez, despertou críticas, que Palmeira tratou de desmerecer. “Acho que tinha tudo a ver dentro da história”, afirmou o ator à Folha de S.Paulo na ocasião. “Foi perfeito dentro da situação da briga entre os dois. Não foi uma coisa gratuita. Acho que qualquer patrulha é uma bobagem.”
Bobagem seria insistir nessas palavras. “Com certeza hoje não daria essa resposta, ainda que na época eu estivesse falando exclusivamente sobre a dramaturgia e nunca defendendo a atitude do personagem”, diz o ator à piauí. “Não existe justificativa para qualquer tipo de agressão contra a mulher, seja física, verbal, psicológica ou de qualquer natureza. Esse é um assunto muito sério e que deve ser tratado com responsabilidade.”
Único dos três autores de Vale Tudo vivo, Aguinaldo Silva associa o apelo popular desse tipo de conteúdo à identificação que ele suscitava na audiência. E o desfecho, diz, nem sempre é misógino. “Não me lembro de nenhuma novela em que a questão da violência contra mulheres não se resolveu de modo, digamos assim, progressista.” Cita personagens de sua lavra, como Lulu das Medalhas (Cássia Kis), reprimida pelo marido em Roque Santeiro, e Celeste (Dira Paes), que em Fina Estampa revida as agressões do cônjuge e o expulsa de casa.
Há mais exemplares do gênero. Em Rei do Gado, Léia (Silvia Pfeifer) sofre nas mãos do amante Ralf (Oscar Magrini). Ele termina a trama espancado, enterrado vivo na praia e afogado com a subida da maré. Já Léia aparece enchendo a cara com Marita (Luciana Vendramini), outro caso do brutamontes.
São, no entanto, personagens benquistas pelo público, ou com algum grau de redenção entre os espectadores. As tidas como irrecuperavelmente sórdidas, e a Maria de Fátima de Vale Tudo está no primeiro escalão desse time, não merecem tanta consideração. O teledramaturgo prefere não palpitar sobre como o tema deverá ser abordado quase quatro décadas após a produção original, mas expôs em dezembro, também à Folha, certo incômodo com adaptações que amansam demais realidades passadas.”“Há um grupo, mais radical, que quer inclusive ordenar a linguagem das pessoas.”
Ele recalibra o discurso quando a piauí questiona se vê exageros na onda revisionista. “Não propriamente. Há, digamos assim, da parte de alguns mais radicais, um certo açodamento do tipo: mude já o seu jeito de se expressar ou então morra. Claro, morrer, no caso, é ser condenado digitalmente e relegado ao esquecimento.”
Prossegue Aguinaldo: “Não se pode exigir de uma pessoa que mude o seu modo de se expressar de um segundo para o outro. Afinal, a alfabetização exigiu de todos nós tempo e método. De novo no meu caso, já que me foi perguntado a respeito, adquiri o hábito de deixar tudo que escrevo a hibernar durante algum tempo, ler e reler várias vezes até ter certeza de que não há nada no meu texto que possa parecer ofensivo… E mesmo assim, como errar é humano, às vezes, aos olhos de alguns mais apressados, ainda erro.”
Aplicar muitas demãos de contemporaneidade num remake pode acabar por torná-lo irreconhecível, diz o novelista Alcides Nogueira, parceiro de Gilberto Braga em outros folhetins. Ele defende a prática de regravar uma novela, mas considera o caso de Vale Tudo mais complexo. “Odete vai poder ter aquelas atitudes asquerosas, medonhas? Elas na época faziam sentido, davam um charme. Hoje, não, são abomináveis. Não só Odete. Maria de Fátima. Sinceramente, não sei como é que isso pode ser contado de uma forma que tenha a mesma força que Vale Tudo teve então.”
Não que tudo valha. “A violência faz parte de um machismo que está enraizado na cultura”, segundo Nogueira, “A gente está conseguindo desconstruir isso, mas vai levar um certo tempo. Machismo é uma coisa que antes era absolutamente natural. As pessoas viam aquilo, comentavam, e não passava disso. Hoje tem que ter reação forte. Temos valores que não são valores, são horrores. Mulheres não podem mais ser submetidas a essa violência, não só por homem, mas por outras mulheres também.”
Ele tem um ponto. Coautor de Gilberto Braga – O Balzac da Globo e colunista da Folha de S.Paulo, Mauricio Stycer aponta que o pega pra capar entre duas companheiras de gênero é mais forte no imaginário popular. “Tenho a impressão de que as pessoas se lembram muito mais de brigas entre mulheres do que entre homens em novelas. E elas acabaram se tornando um clichê estranho e antiquado. Porque, além de oferecer alívio – catarse – ao espectador por ver a sofrida heroína se vingar da vilã, quase sempre o motivo da briga é um homem, que assiste a tudo de camarote, sem sofrer maiores arranhões.”
“Pior”, continua Stycer, “a surra na rival se tornou uma isca de audiência.” A própria Globo criava expectativa promovendo esses capítulos antes de eles irem ao ar. “Acho que hoje há um sentimento de que esse recurso é um clichê, com perdão do termo, surrado. E ganha conotação machista quando a briga é causada por desavenças em relação a um homem. Também soa estranho observar que em algumas novelas há mais brigas físicas entre mulheres do que entre homens.”
Várias delas fazem parte da antologia da televisão brasileira. Uma das mais antigas envolveu as irmãs Júlia (Sonia Braga) e Yolanda (Joana Fomm) na reta final de Dancin’ Days, outro campeão de audiência de Gilberto Braga. “A coreografia da briga foi inteiramente calcada – ou, para ser mais direto, copiada – na cena de briga entre as personagens de Anne Bancroft e Shirley MacLaine no filme Momento de Decisão, de Herbert Ross, lançado dois anos antes”, conta o biógrafo do autor. “‘Copiei mesmo’, dizia Gilberto.”
Morto em 2021, o telenovelista fabulou outros embates dessa natureza. Inseriu em Água Viva, de 1980, um que se passava dentro de um banheiro, entre as personagens de Betty Faria e Tamara Taxmann. A vez em que Maria Clara (Malu Mader) deu uma sova em Laura (Claudia Abreu), também num banheiro, fez Celebridade bater recorde de audiência e inspirou outros pugilatos femininos, como a pancadaria entre Juju Popular (Cris Vianna) e Carmem (Ana Carolina Dias) no Império de Aguinaldo Silva.
Aguinaldo e Gilberto foram parceiros em Vale Tudo, que fez espectadores vibrarem quando Maria de Fátima ganhou tapas de sua mãe (Regina Duarte), que ainda rasga o vestido de casamento da vigarista. Eles e outros dramaturgos a serviço da emissora ainda criariam muitas cenas de peleja entre mulheres, da beata Perpétua que, em Tieta, tem a careca revelada após a protagonista lhe arrancar a peruca, até a coça que Maria do Carmo (Susana Vieira) dá em Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), que décadas antes roubou sua filha recém-nascida, vivida por Carolina Dieckmann, em Senhora do Destino.
Mauro Alencar, autor de A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil, chama de “a semente de todas as surras na telenovela brasileira” um confronto corporal entre a protagonista de Escrava Isaura (Lucélia Santos) e Rosa (Léa Garcia), retratada em 1976 como uma escravizada invejosa.
Autora do livro A Paixão no Banco dos Réus, sobre feminicídios, a advogada criminalista Luiza Eluf descreve a rivalidade de uma mulher contra outra como fruto do “machismo infindável”. É aquela história, já cantada por Mauricio Stycer, de homens saírem ganhando enquanto elas saem no tapa. “Lembre-se da estratégia: dividir para governar. Jogue uma mulher contra a outra e todas sairão perdendo”, afirma Eluf, ex-promotora do Ministério Público.
Alencar faz uma leitura diferente dessa predileção por mulheres quebrando o pau entre si. “Essas cenas em folhetins estão diretamente relacionadas à emancipação feminina e, de modo geral, ao término da censura”, avalia. “Não por acaso essa onda começou em 1978, com a revolução dos costumes tão bem representada em Dancin’ Days. Num passado recente, quem defendia e se vingava pela mocinha era o galã. Com o feminismo, as protagonistas deixaram de ser donzelas desprotegidas e foram à luta. Literalmente.”
Alencar, que versou sobre a indústria da telenovela em seu doutorado na Universidade São Paulo (USP) e adaptou Vale Tudo para livro a pedido da Globo, reconhece que o mundo não é o mesmo. Só não está certo de que as mudanças foram sempre para melhor.
“Vivíamos no país do ‘vale tudo’, mas sem qualquer vestígio de polarização social e política. Sem cancelamentos, lacração e outros modismos que vêm danificando a estrutura narrativa de nossa teledramaturgia”, diz. “Em que pese, lamentavelmente, a pouca mudança estrutural do Brasil de hoje, é inegável que o comportamento e as liberdades, se foram ampliadas por um lado, foram, e muito, encurraladas por outro. Deve residir aí o maior desafio dessa nova produção no conturbado século XXI.”
A Globo emitiu sinais mistos ao abordar a violência doméstica nos anos 2000. Começou a década com Íris (Deborah Secco) terminando Laços de Família junto com Pedro (José Mayer), de quem ouviu ao longo da trama frases como “se encostar nesse aparelho de som, vai apanhar”. E de fato apanhou – o homem por quem é fissurada chega a pô-la no colo para dar palmadas em suas nádegas. O epílogo do casal, diziam ativistas, passava um recado ruim, de que era válido continuar com seu agressor. Dava até, veja só, para ganhar um final feliz assim.
Em 2003, Mulheres Apaixonadas ajudou a fomentar um debate nacional que, três anos depois, desembocaria na criação da Maria da Penha. O drama de Raquel (Helena Ranaldi), que chega a receber raquetadas durante um ataque de fúria do marido Marcos (Dan Stulbach), sensibilizou o país e deu gás para uma legislação mais severa contra agressores de mulheres.
A mesma produção, contudo, exalta a surra de cinto que Dóris (Regiane Alves), uma peste que maltrata os avós, leva de Carlão, seu pai (Marcos Caruso). Quando a Globo retransmitiu o enredo de Manoel Carlos vinte anos depois, editou o material violento, oferecendo uma versão mais light, com menos cintadas na vilã.
As cenas transmitidas na tevê aberta, nem sempre com a devida problematização, segundo Luiza Eluf, evocam três tipos penais: 1) lesões corporais de natureza leve, grave ou gravíssima; 2) feminicídio, matar a mulher por razões da condição do sexo feminino; 3) estupro, obrigar a fazer sexo contra a vontade da outra pessoa. A Lei Maria da Penha complementa o Código Penal e deve ser aplicada quando uma mulher estiver em perigo, com medidas protetivas para coibir violências de ordens diversas, da física à psicológica.
Para José Luiz Villamarim, diretor do departamento de dramaturgia da Globo, o desafio é encontrar “o equilíbrio perfeito entre realismo e escapismo”, justamente porque “o país e o mundo mudam o tempo todo, quase sempre lenta e sutilmente”.
“A telenovela só tem a relevância e a influência que tem no Brasil porque ela sempre buscou espelhar a sociedade e propor reflexões a respeito, ao mesmo tempo em que entretém”, diz o diretor de sucessos do canal como Avenida Brasil, que teve sua cota de pelejas físicas — que o diga a maléfica Carminha (Adriana Esteves), estapeada e esganada pelo amante Max (Marcello Novaes) em 2012.
Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. “Como o formato é assistido diariamente por uma parcela imensa da população, a audiência traz junto uma responsabilidade muito grande, e que é cada vez maior, de não banalizar certas situações, nem de fazer de conta que elas não existem, de mostrar contrapontos ao que o espelho da sociedade mostra de feio, de evitar gatilhos, às vezes até de trazer esperança e propor caminhos e possibilidades de solução para certas questões”, afirma Villamarim.
Se treze anos atrás o Vídeo Show retratava a hostilidade contra mulheres de forma no mínimo leviana, o manejo com o tema foi outro em 2023. O GShow, portal da TV Globo dedicado ao núcleo de entretenimento do canal, foi cuidadoso antes de descrever um capítulo de Terra e Paixão em que Lucinda (Débora Falabella) apanhava do marido e era aconselhada pela irmã a denunciá-lo. Dizia o disclaimer: “Alerta gatilho: o conteúdo a seguir não contém cenas explícitas, mas retrata momentos sensíveis, com reflexos de agressão e autoagressão, que podem desencadear diferentes emoções.” A violência contra a mulher na tevê deixou de ser mostrada de forma tão banal.
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