Negativo e de graça
É incomum que os cientistas tomem o tempo de comunicar aos seus colegas resultados de experimentos frustrados. A relutância a divulgar dados que não confirmam a hipótese por trás de um estudo acaba criando um viés na literatura científica, na qual predominam os relatos de resultados esperados e bem sucedidos. Agora, uma revista britânica anunciou que vai publicar de graça os artigos que relatem resultados nulos ou negativos.
É incomum que os cientistas tomem o tempo de comunicar aos seus colegas resultados de experimentos frustrados. A relutância em divulgar dados que não confirmam a hipótese por trás de um estudo acaba criando um viés na literatura científica, na qual predominam os relatos de resultados esperados e bem sucedidos.
Em maio, uma revista britânica de biologia anunciou que vai publicar de graça os artigos que relatem resultados nulos ou negativos. A iniciativa é da , periódico criado em julho de 2012 que inova ao fazer a revisão técnica dos artigos apenas após a publicação dos mesmos. Em seu blog, a revista defendeu que um estudo não precisa de resultados positivos para ser boa ciência e justificou sua decisão:
Às vezes os experimentos não publicados são próximos passos óbvios para elucidar um mecanismo biológico específico, tornando provável que outros pesquisadores tentem a mesma coisa, sem se dar conta que outras pessoas já tinham feito aquilo antes. Isso é uma perda de tempo e dinheiro.
Em outras ocasiões, os resultados positivos que são publicados são uma exceção: eles poderiam figurar em um pequeno conjunto específico de condições, mas se todos os experimentos que não funcionarem não forem mostrados, esses casos excepcionais podem parecer o único resultado possível. Isso é especialmente prejudicial no desenvolvimento de drogas e na pesquisa médica, onde tratamentos podem vir a ser desenvolvidos a partir de um entendimento incompleto dos resultados das pesquisas.
A cobra dos autores uma taxa de 250 a 1000 dólares para a publicação de artigos. Autores que submeterem trabalhos com resultados negativos até o fim de agosto estarão isentos dessas taxas.
Antes de promover a campanha, a já publicava trabalhos com resultados negativos. Um exemplo recente é o estudo que testou a hipótese de um gene explicar as diferenças no comportamento migratório de pássaros do gênero Junco. Experimentos conduzidos pelo geneticista Mark Peterson, da Universidade de Indiana, mostraram que não era o caso. Ao blog do periódico, Peterson justificou a decisão de publicar os resultados: “se vale a pena formular uma pergunta, certamente é tão válido saber que a resposta é ‘não’ quanto seria se a resposta fosse ‘sim’”.
Foto: Bradley Stabler (CC 2.0 BY-NC-SA)
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