NOTA DO EDITOR SOBRE O FORO DE TERESINA
Na sexta-feira, dia 27 de outubro, tornou-se público que dois integrantes do Foro de Teresina haviam deixado a bancada do podcast. A notícia causou um enorme barulho nas redes sociais, e a piauí foi acusada de dois comportamentos inaceitáveis: demitir profissionais sem qualquer motivo e praticar “atos de censura”. Diante disso, a revista entendeu que devia explicar publicamente – aos ouvintes do Foro, aos assinantes da revista e aos visitantes do site – o que de fato aconteceu.
Em maio de 2019, a jornalista Thais Bilenky foi contratada para fazer reportagens de política para a revista e o site, ficando baseada em Brasília. Em janeiro de 2021, quando a jornalista Malu Gaspar deixou a piauí para trabalhar no jornal O Globo, convidei Thais para assumir o posto de Malu no Foro, sem prejuízo das atividades anteriores.
Sete meses depois, Thais precisou passar um período em São Paulo, sua cidade natal. Na época, agosto de 2021, combinamos que, assim que fosse possível, ela retomaria seu posto em Brasília. O arranjo, que deveria ser provisório, acabou se perpetuando, ao contrário do que planejara a revista. A isso, somaram-se questões de natureza interna da revista, cujos detalhes a piauí se reserva o direito de não trazer a público, tanto por ser prerrogativa de qualquer órgão de imprensa, como para preservar a privacidade de seus profissionais. Basta dizer que, a despeito do talento e da correção de bons repórteres – e Thais possui tais atributos, como ficou evidente, por exemplo, no recente podcast Alexandre –, redações mudam a composição de seu corpo de profissionais para atender à dinâmica dos acontecimentos e do próprio setor.
Na manhã de terça-feira, dia 24 de outubro, em conversa na redação no Rio de Janeiro, deu-se o desligamento de Thais da piauí e, em consequência, também do Foro. Ofereci a ela o espaço para que se despedisse dos ouvintes do podcast na forma que julgasse adequada. Em seguida, comuniquei sua saída aos seus dois colegas de bancada, Fernando de Barros e Silva e José Roberto de Toledo. À noite, Thais me informou que conversara com eles e decidira fazer apenas sua despedida, sem participar do resto do episódio. Concordei e agradeci.
Dois dias depois, na manhã de quinta-feira, o episódio da semana foi gravado, agora com a presença da jornalista Ana Clara Costa. A gravação transcorreu normalmente, ainda que em clima de consternação por causa da saída de Thais. No fim da tarde da quinta, Thais gravou sua despedida na presença dos dois colegas de Foro. Emocionada, deu um depoimento elegante e profissional. Escrevi a ela para agradecer.
No entanto, assim que Thais encerrou sua despedida, Toledo tomou a palavra e anunciou que ele estava se demitindo naquele exato momento em protesto contra a saída da colega, sobre a qual fora comunicado dois dias antes. Mais tarde, escreveu nas redes sociais que o desligamento de Thais era “injustificado”, ainda que desconheça os assuntos internos da piauí desde julho de 2022. Naquela época, Toledo me pediu para deixar a piauí e ficar apenas como integrante do Foro, com o que concordei. Desde então, ele trabalha no portal Uol.
Quando ouvi a gravação da demissão surpresa, orientei que o trecho não fosse incluído no episódio. Na forma como fora anunciada, sem aviso à direção e ignorando os trâmites normais, a demissão de Toledo apenas usava a plataforma da revista para atingir a própria revista. Além disso, ofuscava a saída de Thais, para quem as atenções deveriam estar voltadas naquele momento.
Considerar a exclusão do trecho como um ato de “censura”, essa palavra gravíssima, é ignorar que a piauí, como é próprio da imprensa profissional, tem a prerrogativa elementar de só produzir e divulgar – em seus podcasts, redes, páginas e site – conteúdos que não sejam um ultraje contra si mesma. A crítica leal, mesmo que dura, é bem-vinda, como sabem os inúmeros leitores que já publicaram na piauí opiniões altamente desfavoráveis à revista.
É evidente que qualquer profissional tem o direito de pedir demissão por qualquer razão e a qualquer tempo. Os integrantes que se desligaram do Foro – por vontade própria ou não – sempre agiram com profissionalismo, despedindo-se dos ouvintes sem que houvesse qualquer interferência da direção da revista. Aconteceu antes com Malu Gaspar. Aconteceu agora com Thais Bilenky.
E, lamentavelmente, acontece aqui, de novo, outra despedida. Agora, do próprio Foro de Teresina, que está encerrando suas atividades depois de cinco anos e meio. A piauí avalia que se exauriram as condições para que o Foro continue operando como antes. Nesta sexta-feira, Fernando de Barros e Silva, que permanece na revista da qual já foi diretor de redação, fará sua despedida naquele que será o ato final do podcast.
Por fim, a piauí lamenta que o término da parceria com Thais, conduzido e recebido com civilidade, tenha provocado, ao chegar às redes sociais, uma indevida exposição pública de sua vida profissional. A ela, a piauí agradece seu trabalho e deixa votos de boa sorte e sucesso.
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