O colapso de um governo
As lições do impeachment de Collor, ocorrido há trinta anos
Fugir dos escrivães foi mais uma das chicanas praticadas por Fernando Collor na reta final do seu processo de impeachment, em 1992. O presidente tentou também recorrer ao Supremo Tribunal Federal (stf) para adiar o julgamento, mas a Corte deu de ombros. Collor não desistiu. No dia 21 de dezembro, véspera do julgamento, destituiu os dois advogados que o representavam no processo de impeachment. A sessão teve de ser remarcada. Ficou para 29 de dezembro. O presidente ainda guardava na manga uma última carta, da qual só lançaria mão no dia do veredito: a renúncia, instantes antes do início da sessão de julgamento. A manobra, que visava impedir a perda de direitos políticos, foi recusada pelos senadores – e o primeiro presidente eleito por voto desde o fim da ditadura militar acabou inabilitado por oito anos.
O impeachment de Collor foi o evento inaugural da chamada era das Presidências interrompidas, que desde a década de 1990 tem derrubado os chefes do Executivo de diversos países, principalmente na América Latina. Trinta anos depois, o caso ainda guarda lições sobre o que leva um governo ao colapso, explica Rafael Mafei, na piauí.
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