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    A mão que invade o quadro de William Dyce, de 1837, é misteriosa, mas a mão golpista sobre a democracia brasileira é inconfundível: “Tem que ser a rataria. Bolsonaro e a rataria” CREDITO: FINE ART IMAGES_HERITAGE IMAGES VIA GETTY IMAGES

anais da rataria

O golpista e o golpe

O passo a passo da maior ameaça que a democracia brasileira viveu nos últimos quarenta anos

Breno Pires, de Brasília | 06 dez 2024_08h58
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Desde o fim da ditadura militar (1964-1985), é a primeira vez que se descobre um plano golpista gestado na alta cúpula do poder em Brasília. Os envolvidos na tomada do poder à força transitavam pelos ministérios, frequentavam o Palácio da Alvorada e trabalhavam no Palácio do Planalto. Tudo isso acontecia com a participação ativa de Jair Bolsonaro.

O ex-presidente fez reuniões com golpistas, recebeu relatos sobre a evolução dos preparativos para o golpe, excluiu algumas autoridades da lista dos que seriam vinte presos, discutiu as datas mais apropriadas e mudou trechos do decreto que ficou conhecido como “minuta do golpe”.

A investigação da Polícia Federal resultou num relatório final de 884 páginas, que chega a uma conclusão categórica: Bolsonaro “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de Estado e a abolição do estado democrático de direito.” O relatório, no qual o nome de Bolsonaro aparece 533 vezes, também informa que o golpe só não foi perpetrado “por circunstâncias alheias à vontade do então presidente da República”.

A principal “circunstância” foi a posição do comandante do Exército, o general Marco Antônio Freire Gomes, que não avalizou o golpe – aparentemente mais por receio de que desse errado do que por convicção democrática. Freire Gomes chegou a alertar Bolsonaro de que poderia mandar prendê-lo se tentasse um golpe. Ao mesmo tempo, tomou parte de reuniões sobre a trama, permitiu que seus subordinados articulassem contra a legalidade, manteve a massa golpista acampada nos quartéis para servir como ponto de apoio popular ao golpe e nem sequer puniu os oficiais que assinaram uma carta pública em favor da tomada do poder.

Na piauí deste mês, Breno Pires refaz toda crônica dos acontecimentos, a partir de dados públicos e das revelações da investigação da PF, de 5 de julho de 2022 – quando Bolsonaro menciona a palavra “golpe” pela primeira vez em uma reunião no Palácio do Planalto – até 21 de novembro passado – quando a PF divulga a lista dos 37 indiciados, entre eles Jair Bolsonaro, apontado como “líder da organização criminosa”.

Assinantes da revista podem ler a íntegra do texto neste link.

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