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    Esquema do recife amazônico desenhado pelo biólogo marinho Rodrigo Leão de Moura, um dos cientistas que descobriram o ecossistema FOTO: BERNARDO ESTEVES

Questões da Ciência

O recife que enfim verão

Expedição fará primeira observação direta de ecossistema recém-encontrado na foz do Amazonas

Bernardo Esteves | 24 jan 2017_15h54
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Zarpou hoje de Macapá uma expedição que finalmente vai mostrar a cara de um recife recém-descoberto na foz do Amazonas. Encontrado por cientistas brasileiros e americanos, o ecossistema ocupa uma área equivalente a metade do estado do Sergipe e se estende do litoral do Amapá até o Maranhão, mas nunca foi diretamente observado. A história da sua descoberta foi contada na reportagem “O recife que ninguém viu”, publicada na piauí_123.

A descrição do recife amazônico, publicada no ano passado na revista Science Advances, foi feita com base em quase uma tonelada de amostras coletadas no fundo do mar, incluindo peixes, corais, algas calcárias e uma profusão de esponjas. Para entender como esses organismos se estruturam, porém, os cientistas viam-se obrigados a recorrer a alguma dose de especulação. Com o registro das primeiras imagens do novo ecossistema, as dúvidas devem começar a dissipar.

A expedição que vai fotografar o recife amazônico foi organizada e financiada pela ONG conservacionista Greenpeace. Seu objetivo é chamar a atenção para o risco que o ecossistema corre com a exploração de petróleo em suas imediações. Três empresas já solicitaram licença ao governo para perfurar poços exploratórios na bacia da foz do Amazonas, a fim de avaliar sua viabilidade comercial.

“Não sabemos quais impactos um eventual vazamento de grandes proporções pode ter nessa formação”, disse Thiago Almeida, especialista em gestão ambiental do Greenpeace. “Queremos mostrar esse tesouro ao mundo para que mais pessoas peçam às empresas que abandonem seus planos de perfurar poços de petróleo na foz do Amazonas.” As petroleiras alegam que as áreas que pretendem prospectar não se sobrepõem ao recife e estão em águas profundas, ao contrário do novo ecossistema.

O Greenpeace destacou para a expedição seu maior navio, o Esperanza, que partiu com a lotação completa de 40 pessoas, incluindo cientistas, ambientalistas, fotógrafos e profissionais da imprensa. A bordo vai também o Dual Deepworker, um submarino vermelho para dois tripulantes de fabricação canadense que será usado para fotografar o ecossistema. O veículo será lançado ao mar em diferentes trechos do recife, em profundidades que podem passar de 100 metros.

O recife será fotografado a partir do Dual Deepworker, um submarino com capacidade para dois tripulantes.FOTO: REPRODUÇÃO/NUYTCO RESEARCH

 

“Não se trata de uma expedição científica”, esclareceu o oceanólogo Fabiano Thompson, um dos quatro coautores da descoberta embarcados na expedição. O cientista disse que não seriam feitas medições ou coleta de material biológico e geoquímico. “O objetivo é fazer um mergulho contemplativo para visualizar os recifes”, resumiu.

As primeiras imagens da formação devem ser divulgadas até o final da semana. Novos dados científicos sobre o recife serão coletados em setembro, quando deve acontecer um novo cruzeiro de pesquisa à região comandado por Rodrigo Leão de Moura, que não participa da expedição do Greenpeace.

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