O Rolls do Royce

A Rolls-Royce consegue há mais de um século o feito de manter-se como a marca mais prestigiosa de automóveis de luxo. Um de seus fundadores, Charles Rolls, fez muita coisa em sua curta vida de 32 anos. Aristocrata, filho de barão, seguiu o percurso clássico da elite inglesa estudando no colégio de Eton e depois na Universidade de Cambridge. Mas o que lhe interessava mais era a mecânica e, com 18 anos, em 1896, comprou em Paris um dos primeiros carros Peugeot e o levou à Inglaterra, numa época em que havia apenas três automóveis no País de Gales.

Velejador de talento, Rolls media 1 metro e 95 e destacava-se em todos esportes. Ficou famoso por quase duzentas ascensões em balão e ganhou vários prêmios e competições com aviões dos irmãos Wright, até tornar-se famoso em junho de 1910 por quebrar um recorde ao atravessar o Canal da Mancha nas duas direções. Morreu um mês depois no mesmo avião e é lembrado hoje como a primeira vítima britânica de um acidente aéreo.

Em meio a tantas atividades, Rolls teve tempo também de fundar a Rolls-Royce. Seu sócio, Henry Royce, era seu colega no Automóvel Clube da Inglaterra, e Rolls resolveu financiar o talento técnico de Royce numa parceria que resultou, em 1904, no primeiro carro produzido pela firma. Devido à sua morte precoce, as cartas de Rolls, como a que é reproduzida nesta página, são extremamente raras. Esta é dirigida a Gaston Tissandier, outro importante pioneiro da aviação francês, e discute detalhes técnicos de motores de avião com dois ou três orifícios no cabo. A carta foi escrita apenas uma semana após seu maior feito aeronáutico, a travessia dupla do Canal da Mancha, e um mês apenas antes de seu acidente fatal.