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Assessor da PGR é alvo de operação da PF por suspeita de vazamentos

    Felipe Alexandre Wagner, assessor jurídico criminal da PGR Reprodução/ LinkedIn

anais do judiciário

Assessor da PGR é alvo de operação da PF por suspeita de vazamentos

Funcionário havia sido mencionado em uma conversa entre pessoas investigadas em um esquema de venda de sentenças

Breno Pires, de Brasília | 22 set 2025_15h49
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Em uma ação mantida sob sigilo até agora, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em endereços de um assessor da Procuradoria-Geral da República (PGR) que atuava em processos criminais envolvendo autoridades como governadores e desembargadores. 

A medida faz parte da Operação Sisamnes, que investiga vendas de decisões judiciais, e foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, relator do caso.

O funcionário Felipe Alexandre Wagner é apontado como suspeito de vazar informações de dentro da PGR para investigados no Tocantins, estado citado em decisões judiciais relacionadas ao caso. Seu nome havia sido mencionado em um diálogo interceptado entre o prefeito de Palmas, José Eduardo de Siqueira Campos, e Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho de Wanderlei Barbosa Castro, governador do Estado do Tocantins atualmente afastado. A conversa, que se deu em 26 de junho de 2024, aborda o vazamento de informações sigilosas das operações “Fames-19” e “Maximus”, que tramitavam no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nesse diálogo, Campos revela a Carvalho que sua situação era mais grave do que pensava, pois ele havia passado a ser formalmente investigado. 

Ele então menciona um contato em Brasília, chamado “Felipe”, responsável por “pareceres”, como uma peça chave para tentar reverter essa situação. No diálogo, Siqueira Campos descreve “Felipe” como “o cara que vai escrever as coisas para a própria menina que deu esse parecer para o gabinete”. Não está claro, ainda, quem é a “menina”, e o que mais a PF pode ter descoberto tendo essa conversa como ponto de partida.

Profissionais ligados ao caso informaram que o pedido para a busca e apreensão veio da própria PGR  que foram apreendidos celular e notebook do servidor. Segundo uma fonte informou à piauí, a PGR decidiu exonerar o funcionário do cargo comissionado (CC-4), mas a informação ainda não foi publicada no Diário Oficial da União.

Deflagrada pela Polícia Federal sob supervisão do Supremo Tribunal Federal, a Operação Sinamnes já havia mirado desembargadores, advogados e lobistas suspeitos de intermediar sentenças. A entrada de um assessor da própria PGR no rol de investigados amplia o alcance do caso, revelando que, possivelmente, a rede de vazamentos e influências não se limitava ao Judiciário, mas atingia também o órgão responsável por conduzir parte das investigações. As corporações, tanto a PF como a PGR, já temem uma exploração política do caso.

A PGR não se manifestou oficialmente até a publicação desta reportagem. O vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand, responsável pela condução de alguns inquéritos envolvendo autoridades do Tocantins, disse à piauí que não se manifestaria, por ser um caso sob sigilo de Justiça. “Não posso comentar. A lei me proíbe”.

Wagner não foi localizado.

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