Pontes e perdas – carta do leitor
O engenheiro civil Ubirajara Ferreira da Silva, “autor do projeto básico da ponte Forte-Redinha”, em Natal, escreve dizendo-se surpreso com os comentários feitos no post publicado semana passada. Transcrevo a seguir a carta recebida, na qual o missivista explica as razões técnicas que levaram a ponte a ser construída na foz do rio Potenji, e reconhece a ocorrência indicada de “retenções de trânsito que afligem a população, sobretudo nas horas de pico”:
O engenheiro civil Ubirajara Ferreira da Silva, “autor do projeto básico da ponte Forte-Redinha”, em Natal, escreve dizendo-se surpreso com os comentários feitos no post publicado semana passada.
Transcrevo a seguir a carta recebida, na qual o missivista explica as razões técnicas que levaram a ponte a ser construída na foz do rio Potenji, e reconhece a ocorrência indicada de “retenções de trânsito que afligem a população, sobretudo nas horas de pico”:
“Foi com enorme surpresa que li as suas considerações sobre a minha cidade Natal e especificamente sobre a ponte que liga a região do Forte dos Reis Magos ao bairro da Redinha. Assim, venho apresentar de maneira sucinta, algumas informações sobre os estudos técnicos desenvolvidos na busca da melhor solução para a execução da ponte.
Por volta de 1994, fui convidado pela Prefeitura Municipal de Natal para compor uma comissão formada por urbanistas, engenheiros e advogados para a escolha do local mais apropriado para a ponte. A partir de estudos de fluxo de tráfego, dois locais foram considerados os mais adequados:
– na região do bairro do Baldo, próximo à cidade alta;
– no prolongamento da Av. Café Filho que se estende ao longo da praia até o Forte.
Com o desenvolvimento dos estudos, a localidade do Baldo foi descartada face a carência de acomodação do tráfego em ambos os acessos e também pela necessidade de utilização de grande extensão de mangue, o que é proibido pelos órgãos de defesa ambiental.
Assim, os estudos mostraram que o eixo da ponte deveria ser o atual que desafogaria o intenso tráfego na ponte de Igapó, seria adequado ao incremento do desenvolvimento da zona norte da cidade e atenderia ao fluxo cada vez mais intenso de turistas na cidade.
Em decorrência da necessidade da passagem de grandes navios em busca de acesso ao porto e também ao estaleiro da Marinha, foi definido a partir de exigências das autoridades ligadas à navegação, um gabarito medindo 100m na horizontal e 55m na vertical.
Para atender tais condicionantes, a solução estrutural do projeto básico foi uma ponte estaiada com grandes vãos, mundialmente reconhecidos por sua atualidade, leveza e excelente partido arquitetônico.
No contexto da solução, a rótula viária do lado da Redinha seria substituída por um viaduto com prolongamento dos acessos até a BR-101 que interliga várias praias da região norte da capital. Entretanto, por razões que desconheço, essa complementação nunca foi executada. Está aí a causa das retenções de trânsito que afligem a população, sobretudo nas horas de pico.
Assim, concluo as minhas informações, lamentando que não tenha sido melhor informado sobre as realidades relativas à ponte tão mal vista pelo senhor. Considero que opiniões expressas através de meios sociais deveriam ser embasadas em informações colhidas de todas as partes envolvidas.”
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